quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Cambada de otários!

Nas minhas aulas de condução não me considero um perigo para os outros. Tirando uma ou outra paragem mais brusca para deixar um ou outro peão passar na passadeira, até hoje nunca estive perto de causar nenhum acidente. Obviamente que à medida que as aulas vão avançando torno-me cada vez mais observadora e atenta aos pormenores do que no inicio em que a minha preocupação era não deixar o carro ir abaixo. Tenho para mim que sou bastante cautelosa com os peões, por vezes até demais. Chamem-me maçarica, o que quiserem, mas quando me aproximo de passadeiras em que não tenho uma boa visibilidade, vou quase parada. Faço-o por precaução e porque sei perfeitamente que não controlo o veículo a 100%, porque não sei que tipo de reacção teria se se atravessasse à minha frente uma pessoa sem que eu a tivesse visto primeiro.
Mas isso sou eu que, no fundo, até acho que estou correcta. Nós temos uma arma nas mãos e há muito imbecil por aí que não sabe disso. Quando um peão se envolve num acidente, não tem nada que o proteja, não há capot, não há tejadilho, não há vidros, não há nada. Ferro com osso. E isso assusta-me porque na maioria do tempo eu é que estou daquele lado, desprotegida.
Infelizmente, muitos não pensam assim. Com meia dúzia de dias na estrada e já vi coisas que não lembram ao menino Jesus. Ultrapassagens em cima de curvas, em contínuas, dois carros em simultâneo, pela direita, estacionamentos em sítios proibidos, que perturbam o trânsito... Quase já me bateram estando eu a circular dentro de uma rotunda e o outro carro a entrar nela. Não se respeita as regras de cedência, nem as de prioridade. Buzinam-me quando paro nos STOP (caso não se pare, é uma contra ordenação Muito Grave, para os esquecidos/ignorantes). Enfim. E é como digo, ando na estrada há meia dúzia de dias...
Mas houve uma situação que me deixou sem pinga de sangue, com a sensação de não poder fazer nada, foi horrível. Estava a conduzir tranquilamente (dentro de uma localidade) numa recta quando avisto uma criança ao fundo, próxima de uma passadeira. Comecei a reduzir caso ela quisesse passar a estrada, e foi o que ela fez. Muito bem ensinado, o menino, com 5 ou 6 anos parou, olhou para mim e só quando eu parei o carro ele avançou, pensando ele, em segurança. Mas o ordinário que estava atrás de mim, numa carrinha de mercadorias, não teve mais, e ultrapassa-me. Ali mesmo. A criança ficou sem reacção, só não foi atropelada porque apenas avançou quando eu parei. Caso tivesse ido 2 segundos mais cedo... Nem quero pensar! O pai estava do outro lado da passadeira, viu tudo. O menino foi a correr para ele e eu demorei uns segundos a recompor-me, ali, parada (sem ninguém atrás).
Estas coisas dão-me medo. Tenho muito pavor ao que eu possa vir a fazer ou presenciar. Há verdadeiras bestas de volante na mão. Há criaturas que não medem o perigo e andam a altas velocidades sem querer saber se alguém se vai prejudicar.
Acho que os senhores examinadores têm uma grande responsabilidade ao dar a carta aos alunos. Pena é estes tipos terem a carta nas mãos, e outros, que apenas por pisar a linha de STOP ou bater no passeio ao estacionar, reprovam, como se isso provasse que são bons ou maus condutores, que são conscientes ou inconscientes, preocupados ou negligentes.
Mas infelizmente é o país que temos...

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