quarta-feira, 11 de julho de 2012

A eterna vaidade de ser-se incompetente

O meu exame está a dar-me água pelas barbas.
Fui à minha escola levantar as cópias dos exames que requeri ontem, português e desenho-a, o primeiro por curiosidade e pela recordação e o segundo porque quero tentar meter recurso a ver se subo um valorito o que me permitiria entrada praticamente garantida na universidade que eu quero no curso pelo qual eu esperei um ano. Até aqui tudo normal, não fosse eu olhar para o meu exame de português e ver um 17 em vez de um 16. Pensei "Maauu, então andam a lixar-me e eu a ver?!" E como nem era tarde nem era cedo dirigi-me à secretaria para pedir explicações (visto que na pauta tinha 16). Meia hora à espera para ser atendida e reparem que esta semana é quando os alunos se dirigem lá para requerer a ficha ENES, para se inscreverem na segunda fase, porque precisam de esclarecimentos em relação aos exames e candidaturas ao ensino superior, quando pedem os diplomas e comprovativos de habilitações entre muitas, muitas outras coisas (situações que acontecem apenas nesta altura do ano) e adivinhem quantas pessoas estavam no atendimento. Uminha. Ah pois é! E não dava muitas explicações "porque não tenho tempo para isso" e revirava os olhos sempre que lhe faziam uma pergunta do género "o que preciso de fazer para me candidatar à 2ª fase?" como se isso fosse um conhecimento pré-adquirido e que já nascemos a saber o que fazer quando esse momento chegar. Mas como já fui com duas doses de xanax para lá, por saber o que a casa gasta, não me incomodei muito.
Quando finalmente chegou a minha vez, expliquei à senhora e mostrei-lhe a discrepância de valores do meu exame ao que ela me respondeu "Espera aí". E eu esperei. Esperei. Esperei. Foi falar com a ranhosa mor (sempre com cara de Victoria Beckham - enjoada) e falaram, apontaram para o exame, para o telefone, para o computador e depois para a máquina calculadora, onde a senhora se sentou em frente a fazer as contas. Depois, não sei porquê, chamou um senhor, que viu o exame, reviu e voltou a ver, apontou para o telefone e para a calculadora, deram mais dois dedos de conversa e saiu. Ela ficou com o exame na mão (entretanto a ranhosa mor foi atendendo o pessoal, mas ela grita com as pessoas e trata-as mal quando não levam a cópia do B.I.). Tive pena da senhora, eu via o fumo, os pontos de interrogação e os nós cegos naquela cabecinha por não estar a conseguir resolver o problema. Depois dirige-se à ranhosa, falam e a ranhosa sai com o meu exame. A senhora vem atender o pessoal e eu ao lado, ainda à espera. Disse-me que a outra ia tratar do meu assunto.
Depois de umas 10 pessoas serem atendidas, vem a ranhosa com o meu exame e diz (muito alto, como se não tivesse a 3 metros dela) "Anda cá dentro!" e aí eu pensei "Xiça, que foi que eu fiz no meu exame?" e tentei entrar para lá do balcão mas o pessoal amontoou-se e não me deixava passar. Aí ela gritou mais alto "ANDA CÁ!!" e eu lá fui, a bufar para dentro.
Então ela explicou-me o seguinte "O teu exame foi corrigido duas vezes. O primeiro corrector ou correctora deu uma nota duvidosa, o 17 e por isso foi reavaliado por um júri e a nota final é 16. Isto aconteceu a muitos exames." E pronto, é isto. Perdi hora e meia da minha vida por causa disto e com tanta coisa realmente importante para fazer, como por exemplo, um recurso. Mas porque é que este pessoal é assim??? Porquê??? Se fosse a primeira vez, eu até nem me importava e ria-me com a situação, mas sempre que eu vou lá há sempre uma história que sustenta a minha ideia de que o principal requisito que alguém deve ter para trabalhar na secretaria da minha escola é ser incompetente. Mas há muitos outros, tipo:
- ser muito antipático, o mais possível.
- ser-se muito lento quando se lida com os estudantes porque eles têm tempo e podem esperar uma tarde inteira de pé sem se cansarem, mas se entrar um adulto, têm de parecer baratas tontas com tanto trabalho, mas atenção, sem trabalhar na realidade, apenas fingir que não há mãos a medir.
- ser-se o menos esclarecedor possível e ter sempre na ponta da língua a resposta "Se não sabes, vai ver à net que está lá tudo."
- tratar os estudantes abaixo de cão, sendo até mal educados e ofensivos porque os jovens gostam mais e aprendem melhor assim.
- andar sempre mal vestido para passar a ideia que se levam demasiado a sério para andar na moda.
- não usar maquilhagem para mostrar o quão cansados estão por causa do trabalho exaustivo que têm.
- sempre que se insulte um aluno certificar-se que todos os presentes ouvem. Há que criar exemplos.

Preenchem estes requisitos? Então parabéns, serão excelentes candidatos para trabalhar na secretaria da minha escola.

Cá eu fiquei com o 16 a Português e a questionar-me "What the fuck? Duvidaram do 17 e deram-me 16? Mas este pessoal não tem nada para fazer durante o dia? Eu tenho um cesto de roupa para passar a ferro se eles quiserem rentabilizar o tempo!" Felizmente tanto o 16 como o 17 não muda absolutamente nada na minha nota (nem de candidatura nem da disciplina) e por isso é que não ponho um recurso, senão... Ia para a Lusófona. Dizem que lá é que é bom!

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