sábado, 31 de agosto de 2013

Sobre a Praxe

Depois de ter falado sobre a Universidade e sobre o meu curso, hoje vou falar sobre as praxes. Recebi há algum tempo emails de algumas pessoas que se interrogavam se valia a pena, se não me sentia mal, o que fazia,... enfim, muitas dúvidas. Respondi a cada email na altura, mas achei por bem fazer um post sobre esta temática uma vez que estamos na altura de saírem os resultados das candidaturas, naquela altura em que tudo é desconhecido e assustador e que não temos a certeza de nada. Também é a altura em que mais precisamos de informação e ninguém nos informa, ou quando o fazem, fazem-no mal. Eu sei, eu já passei por isso.
Por esse motivo, não quero que tenham as mesmas dúvidas que eu e não quero que se sintam mal informadas nem obrigadas a fazer nada que não queiram.

Não sei se concordam com as praxes ou não. Nem estou aqui a criticar quem a defende com unhas e dentes nem quem abomina qualquer ato desses. Este post não serve para isso. Serve apenas para vos contar a MINHA EXPERIÊNCIA e a partir daí tiram as conclusões que melhor acharem.

Muitas das vezes, aqueles que odeiam as praxes nunca lá puseram os pés. Acham uma humilhação e uma falta de respeito para com os caloiros, mas nunca estiveram efetivamente no lugar deles para comprovar essa teoria. Não digo que não existam praxes horríveis, ou doutores/engenheiros/arquitetos com sede de poder, uns frustrados que vêem os caloiros como saco de pancada para mostrar aquilo que não são. Mas não tive um único caso desses durante todo este ano. Mas sei que os há.
Tive doutores "maus", que berravam muito, que nos mandavam encher muito, que faziam praxe psicológica, mas esses eram dos primeiros a pagar-nos um copo no fim, ou a perguntar-nos se precisávamos de apontamentos a determinada cadeira e se sim, davam-nos com todo o gosto. Por vezes, punham-nos na reprografia e só nos informavam que estavam lá, nem sequer nos perguntavam se os queríamos. Diziam que fizeram isso com eles e não querem deixar de o fazer aos seus caloiros. Mas nas praxes eram duros connosco.
Das pessoas que menos gostei no início tornaram-se amigas a meio. Saíamos à noite, íamos beber uns copos, dançavamos brasileirada e Linkin Park ou Da Weasel no Bar Académico, apareciam depois do jantares, almoçavam connosco na cantina, iam assistir às nossas apresentações de Técnicas de Expressão e estavam à porta da nossa sala quando tínhamos testes para nos perguntar como tinha corrido. Acham, portanto, que isto não é integração? Acham que os doutores são pequenos monstros de traje? Pois...

As praxes, não vou mentir, custaram-me MUITO ao início. Não pela praxe em si mas pela minha personalidade. Não gostei das primeiras, mas nunca chorei. Nunca. Pensei em desistir, mas na verdade nunca ponderei seriamente essa situação. Ia para a praxe porque tinha de ser e admito que muitas vezes nem sequer me apetecia ir ou não me dava jeito por causa dos milhares de trabalhos que tinha para fazer. Sim, essa é outra questão. Há que saber controlar o tempo e aproveitar cada minutinho porque a praxe continua e os trabalhos têm de ser feitos e entregues a horas. Não vou dizer que não me custou no início, porque custou e muito. Mas sabia que no final ia compensar.
E praxe à chuva e ao frio? Custa o dobro, mas aguenta-se! No fim, compensa.

Bem, há tanto para dizer sobre este assunto... Tanto... A praxe proporcionou-me tantas coisas (muito boas e muito más) que valiam a pena serem todas contadas, mas nunca mais saía daqui nem vocês iriam acabar de ler o post.
A praxe serve para integrar. Ponto. Quando entrei para a universidade não conhecia o sítio, não conhecia ninguém. Os nossos doutores marcaram uma hora connosco e todos apareceram. Eles fizeram-nos uma visita guiada. Levaram-nos aos pontos mais importantes, praxaram-nos, claro está e entregaram-nos o "Código de Praxe". Obrigaram-nos a ler, faziam perguntas. Era naquele livrinho que estavam os nossos direitos, era aquele livrinho que, em qualquer situação, nos poderia proteger. E são eles que nos dão! A praxe bem feita não é horrível como muitos pintam. Não humilha, não pisa. Há uma união entre caloiros e doutores que, quero acreditar, vai durar muitos anos.

No fim custa muito deixar. Custa deixá-los. Custa vê-los ir, com o tricórnio de finalistas. Custa, claro que custa, mas as recordações ficam, as tradições também são passadas e há a certeza de que, quando formos nós a praxar, vamos querer que alguns deles estejam presentes pelo menos uma vez.

Não vou dizer que tenho saudades da praxe. Estaria a mentir. Mas dos meus doutores... Ui.

Se querem um conselho, vão à praxe. Tentem dar uma oportunidade, deixem que os vossos doutores vos ajudem e não respondam mal. Aquilo é tudo uma "brincadeira", ninguém está ali para magoar ninguém, apenas chatear um bocadinho que, como eles dizem, é o que temos de fazer com os professores e mais tarde com os chefes: ouvir e calar. E nisso, a praxe ajudou-me e muito!

Gostava de saber qual era a vossa opinião sobre este assunto. Gostava de saber se estão interessados em participar ou não e porquê. Se tiverem mais alguma questão, estejam à vontade para fazer através do blog, do email stickyandraw@live.com.pt ou através do facebook

2 comentários:

Anónimo disse...

Revejo.me em todas as razoes que te fizeram a continuar na praxe. Existem praxes abusivas, mas é direito de cada caloiro saber se esta disposto a ultrapassar alguns dos seus limites, sem nunca se sentir humilhado ou exposto. Aprendi a ouvir e a calar, a baixar a cabeça e a confiar nas pessoas que estavam ao meu lado, a sofrer comigo, que tinham frio tal como eu. A praxe tornou.me resistente, temos ver o lado positivo de todas as situações e tentar nunca desistir.

Beatriz disse...

A minha praxe foi uma das melhores experiencias que tive e fez-me crescer muito e ver os meus limites como pessoa. Foi optima para integrar e rapidament fiz amigos que se tornaram verdadeiramente os meus amigos da universidade, sem contar com os praxantes que eram excelentes. A praxe foi dura fisicamente, mas o que mais me custou foi ouvir e calar, mas isso ajudou-me. A praxe se for a verdadeira praxe é optima e so tem de se aproveitar porque acredita que deixa saudades. Beijinhos