sexta-feira, 10 de novembro de 2017

brave

Já devem de ter percebido que a vida por estes lados não está fácil.

Não deixei de vir ao blog por preguiça ou por desinteresse. Quem me dera que assim fosse. Nestes últimos tempos a vida deu uma volta muito grande.

Tive que redefinir prioridades, tomar decisões e vocacionar a minha atenção para quem precisa mais de mim neste momento. Há mais de um mês que a minha vida se resume a muito pouco: trabalho e cuidar da família. Sou enfermeira e palhaça, sou a chata que obriga a tomar os medicamentos e que nunca se cala com as piadas.

Em minha casa sou mediadora e empregada de limpeza. Passo a ferro, limpo o pó e aspiro sempre que tenho um tempinho livre ou que não esteja a cair para o lado de cansaço. Ainda não consegui arrumar o roupeiro e tirar toda a roupa de verão nem trazer toda a roupa de inverno. Tenho saudades de ter tempo para me sentar no sofá. Tenho saudades de um fim-de-semana. Tenho saudades de ir para o ginásio e das minhas aulas de pilates que tanta falta me fazem...

A minha sorte é que não estou sozinha. Em casa somos família e uma equipa de quatro. Cinco, se contarmos com a Princesa. Todos juntos conseguimos fazer tudo sem que ninguém se sinta sobrecarregado. Ninguém arranja desculpas nem ninguém sobrepõe o bem-estar pessoal ao bem estar do conjunto. Somos mesmo uma equipa, cada um com responsabilidades individuais, mas que combinam na perfeição e tornam o trabalho bem mais fácil e leve. No final do dia, o apoio e a presença dos nossos faz toda a diferença.

Os fins-de-semana são curtíssimos e o pouco tempo livre que vou tendo (uma tarde, por vezes, nem isso) acabo por adormecer num canto ou começo a arrumar isto ou aquilo. O relatório está na mesma. Não consegui entregá-lo a horas. Outros valores se levantaram e a família sempre esteve em primeiro lugar. O trabalho vai bem, felizmente. Continuo a sentir-me realizada e feliz a fazer o que faço, e as 8 horas diárias quase nunca me chegam. Mas confesso que o meu rendimento nestes últimos dias tem sido comprometido pelas poucas horas de sono e o cansaço intenso.

Os últimos tempos têm sido de correria, de preocupação constante e completamente focados noutra pessoa. Aprendi a fazer um monte de coisas que nunca imaginei que conseguiria fazer e também percebi que não tenho impressão ou "nojo" da grande maioria das coisas. No momento de fazer, o meu instinto é fazer e não pensar em mais nada. O meu pensamento é sempre o mesmo: o que é que eu gostaria que me fizessem se eu estivesse do outro lado? o que é que eu não queria ouvir? como é que eu gostava que me tratassem ou que falassem comigo?

Neste processo, e mesmo sem grande tempo para pensar muito no assunto, reaprendi o valor de muitas coisas. Reafirmei aquilo que eu acredito e digo sempre: o pensamento positivo é meio caminho andado e não vamos fazer problemas onde eles não existem. Voltei a trazer ao de cima o meu sentido mais prático e lógico, que me permite organizar melhor o meu tempo, arrumar, preparar o saco, perceber o que vou precisar, encaixar tarefas nos buraquinhos em que tenho disponibilidade...  Muitas vezes isto acontece mentalmente. Vou no caminho para casa a pensar no que tenho que colocar no saco quando chegar a casa, por exemplo. Aproveito também o banho para elaborar listas mentais do que tenho que fazer... E apercebi-me - mais uma vez - que a minha família em casa é a melhor do mundo. E olhem que é mesmo.

Juro que vou tentar vir cá mais vezes. Sinto falta disto. Mas sem promessas...


Sticky&Raw
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