segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

É por estas e por outras que cada vez me apetece menos ir à missa

Não sou rapariga de ir à missa, chateia-me imenso, faço birra, bato com o pé, finjo que estou doente, mas em certas alturas, sou mesmo obrigada a ir (funerais, casamentos, primeiras comunhões, aniversário de falecimento/nascimento dos meus 4 avós, ...) mas vou contrariada e de má cara e olho para todo o lado, vejo o que cada pessoa está a fazer, penso na lista de tarefas que tenho de realizar no dia seguinte, tudo menos ouvir o que o padre está a dizer.
Antes de continuar, quero aqui esclarecer que esta é a MINHA opinião e muito honestamente, respeito a crença e a fé das outras pessoas (confesso até ter uma pontinha de inveja) e não pensem que vou para as missas portar-me mal! O meu telemóvel nunca tocou, nunca falei alto, nunca fui comungar sem me confessar antes (a última vez que comunguei foi um pouco depois da minha comunhão solene, já lá vão uns bons anos), não ponho as mãos nos bolsos, tiro sempre o chapéu lá dentro, não faço nada que possa ofender a crença e a devoção de quem me rodeia, e acima de tudo, faço isso, porque respeito a religião e as pessoas.
Mas voltando ao assunto em questão. Eu no Sábado estava entusiasmada por ir à missa. E "porquê?" perguntam vocês... Porque era numa das minhas igrejas favoritas! Durou 45 minutos e eu não me importei nadinha. Não me cansava de olhar e olhar e quanto mais olhava, mais gostava... Os meus pensamentos durante a celebração (até ao fim das leituras) foram "Um dia hei-de casar aqui!" e pus-me a imaginar como a iria decorar... Flores aqui, uns vasos ali, umas velas acolá... E perguntam de novo "Mas se não vais à missa, queres casar-te pela Igreja? Não te estás a contradizer?" Bem, um bocado, de facto, mas na verdade, se eu casar com o meu actual namorado, sei que ele é religioso, escuteiro, crente and so and so, e por isso, por respeito e porque não custa nada, casaria, sem hesitar, pela Igreja... Já para não falar que as nossas famílias são católicas. Esclarecidos? Eu acredito em Deus, o que não acredito é na Igreja instituição, nos textos da Bíblia (quem os escreveu?), nos mandamentos, naquelas coisas todas da Virgem, dos milagres, please, isso não!
Há uma diferença entre existir um Deus em quem nós depositamos as nossas rezas, desejos, medos, incertezas e traumas e que, no fundo, nos ajuda a ultrapassar as nossas dificuldades; e uma religião que nos obriga a acreditar que o preservativo é anti-vida, que vive no luxo (especificamente no Vaticano) enquanto milhares de pessoas morrem à fome todos os dias, que nos tenta atirar areia para os olhos em relação aos escândalos sexuais entre outros assuntos... Isso é hipocrisia.
E é sobre isso que quero falar.
Enquanto estava com os meus devaneios românticos, os meus ouvidos captavam alguma coisa do que o padre ia dizendo, e não gostavam. Pus-me atenta. Falava de como antigamente, na época de Jesus, havia imoralidade principalmente nas proximidades dos portos devido à densa população. Ou seja, que como havia muita gente é porque se fazia muito sexo (seus porcos!) e era com qualquer um, mas o pior ainda estava para vir quando o senhor abade sai-se-me com uma frase mais ou menos assim "Ou nos precavemos ou a sociedade vai parar à imoralidade de outros tempos, com a homossexualidade, a prostituição e o lenocínio."
Passei-me, juro! Fiquei tão irritada, tão chateada, tão incomodada por não poder ir lá acima e dizer-lhe duas coisas que só me apetecia sair dali!!!
Então o homem junta-me homossexualidade a prostituição e a lenocínio??? What the fuck!? Isto não é de loucos? Será que foi só a mim que me incomodou? Se Deus quer que nos amemos, porque não podemos fazê-lo?! Porque a Igreja não deixa? Deus não especificou que tinha de ser homem e mulher! O que tem a homossexualidade de obsceno e de perturbador? Oh senhores...
São estas mentalidades retrógadas  e retardadas que me deixam com os nervos num frangalho! Resmunguei, quis sair dali, mas pelo respeito ao meu tio, à minha família e porque estava frio e chuva lá fora, deixei-me estar.
Mas a cereja no topo do bolo foi no final da missa vem um homem ao altar anunciar um livro sobre tretas do género que o sô prior esteve a pregar e que custava 5€... E eu a querer ir comer e o homem beubeubeubeu! Depois põe-se-me a declamar um poema de um fado... Oh que raio!
No fim estava a vendê-los à porta da igreja... Coitado.
É por estas e por outras que cada vez me apetece menos ir à missa.

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