Como andamos em mudanças, fomos obrigados a retirar TUDO o que havia nas gavetas da secretária, e o TUDO, é mesmo TUDO! É um TUDO tão grande que tem 10 anos lá dentro! Ou mais! E como todos sabem (porque eu acho que em casa de cada português existe uma gaveta, um armário ou um baú onde guardam tudo e mais alguma coisa) lá encontra-se absolutamente tudo o que se imagina, o que não se imagina, o que se pensava perdido, o que se imaginava já não existente entre nós, coisas interessantes e coisas sem interesse nenhum, mas na gaveta cá de casa até disquetes com trabalhos meus do 5º ano havia! Fiquei feliz! Feliz que só visto. E CD's senhores? Oh, disso não faltava. CD's com o meu nome, com fotos, trabalhos... Uma alegria.
De noite, deitei-me na caminha e dediquei-me à causa. Pesquisei o que andava por dentro daquela maravilha redonda. E eis que encontro um que quase só tem trabalhos em Word e desenhos feitos no Paint. Há um documento que dizia no título "Escola Hogwarts de Magia e Feitiçaria". Choquei. Ri-me antes de o abrir. E quando o fiz, ri-me mais. Já não me lembrava do que era, mas quando comecei a ler na íntegra, minha nossa, soltei gargalhadas e recordei esse momento como se fosse ontem. E que bem que me lembro desse momento.
Era uma carta com duas páginas. Foi escrita no meu 2º ou 3º ano. A primeira dizia isto:
"Director Albus Dumbledore (Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feit. (...)
Cara Miss (...) ,
É nosso prazer informá-la que tem um lugar à sua espera na escola de Magia e Feitiçaria de Hogwarts. Junto enviamos uma lista dos livros e equipamentos necessários.
O ano lectivo começa a 1 de Setembro. Queira enviar-nos a sua coruja até dia 31 de Julho sem falta.
Atenciosamente
Minerva McGonagall
Subdirectora"
E na segunda página era a dita lista de materiais e equipamentos necessários.
Ri-me outra vez.
Nessa fase, já tinha lido todos os livros que tinham saído do Harry Potter (até ao 3º se não me engano) e andava fascinada com a história, como qualquer jovem da minha geração. Obviamente que tinha uma amiga que partilhava o mesmo mal. Éramos ambas fãs.
Então o que se me passou na minha cabecinha? Escrever-lhe uma carta para que ela acreditasse que foi seleccionada para entrar na Escola de Hogwarts. A carta até foi credível, mas vamos admitir que eles não escreviam a computador, nem tudo desformatado, ou pelo menos, seria num papel tipo reciclado, mais para o amarelo, e não numa folha branca imaculada! Fui inocente. Obviamente ela não acreditou.
Mas valeu a pena o esforço, mais que não seja para me rir neste momento.
E eu sei que ela ainda se lembra deste momento!
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