terça-feira, 13 de agosto de 2013

Férias 2 - com a Joana Vasconcelos no Palácio da Ajuda

Quando soube que uma das minhas artistas portuguesas favoritas há pelo menos 5 anos (bem antes de ter tanto sucesso como agora) ia expor em Versailles fiquei histérica. Cheguei a partilhar convosco aqui o orgulho que tinha nela. Mas ao mesmo tempo sentia-me muito triste por não puder ir visitar a sua exposição. "Um dia hei-de ver a sua obra!" e esse dia chegou. No domingo, a caminho de casa, fizemos um desvio até Lisboa em direção ao Palácio Nacional da Ajuda propositadamente para ver as obras do nosso orgulho nacional. Os meus pais e o meu irmão não são muito apreciadores de arte (como quase a maioria das pessoas, infelizmente) no entanto, fui incutindo com o tempo os feitos desta artista e a genialidade das suas obras. Eles lá iam entusiasmados para verem os sapatos em panelas, o coração em talheres de plástico e o lustre em tampões... E eu para ver tudo!

À chegada ao palácio.

Chegamos por volta das 11 horas. A fila para comprar os bilhetes já estava extensa. 20 minutos depois conseguimos sair dali e mal sabíamos o que nos esperava:

Uma fila de 1h30. Note-se que a fila começa lá ao fundo à esquerda e acaba lá ao fundo à direita. Faz uma meia lua no sítio onde eu estou e, portanto, estava no meio.
Sim, a exposição está ali desde Março e continua a haver filas assim.
Soube à pouco que bateu o recorde de visitas. Passa a ser a exposição individual e temporária mais vista em Portugal (179 mil visitas, se não me engano)!


Sei que há quem odeie a Joana Vasconcelos. Sei que há quem ache que nada do que ela faz é arte, que é kitch, que no fundo quem faz as peças são os seus artesãos e que é o seu marido, arquiteto, que projeta as estruturas das suas obras. Mas a verdade é que muitos dizem "Isto até eu fazia!", e nunca fizeram. Acima de tudo, têm de dar a mão à palmatória e atribuir à Joana a grande qualidade de ser criativa. É uma exposição muito fácil de se gostar, de se apreciar e é tão visual, tão divertida e cheia de vida que é impossível ser-lhe indiferente. Quer se goste, quer não se goste.
O meu irmão foi ao meu lado durante toda a exposição e perguntava-me "O que é que esta obra significa?" e a resposta mais honesta que eu tinha para lhe dar, e aquela filosofia que eu sigo sempre que vejo uma obra de arte, é: significa aquilo que tu quiseres que signifique. Já lá vai o tempo em que o espectador teria de se submeter à visão do artista e se este dissesse que aquilo que estava a ver é uma árvore mesmo que à outra pessoa lhe parecesse um prato de sopa, ninguém poderia contrariar! O artista é quem sabe! Eu não acho nada disso. A arte é do artista até ao momento em que ele expõe ao público. A partir daí passa a ser de quem a vê. E a sua interpretação passa, sobretudo, pela experiência de vida e conhecimentos de quem olha. Por exemplo, se alguém em Portugal não conhecer a filigrana nem o coração de Viana, vai interpretar o "Coração Independente" de uma maneira completamente diferente. O mesmo acontece com os visitantes estrangeiros que são alheios às nossas tradições que estão sempre patentes nas obras desta artista. Definitivamente, no final da exposição, a minha impressão será completamente diferente à impressão de um turista alemão, por exemplo. Mas a arte é isso mesmo, é a nossa capacidade de compreensão e acima de tudo os nossos sentimentos expressos numa obra de arte que é feita pelos artistas para nós. E nenhuma visão é mais válida do que a outra. E não acho nada de errado quando a visão das pessoas é a oposta do resto dos que estão a assistir à mesma exposição. Até acho isso bem mais saudável. É o pensar pela nossa cabeça. Foi isso que eu disse ao meu irmão.














Estas três últimas são a grande atração da exposição. Eu sabia que eram grandes, mas não sabia que eram assim tanto!
E ver o Coração Independente a girar ao som de Amália Rodrigues? Lindo!

Na minha opinião há demasiadas peças revestidas a crochê e perde-se um bocado aquele efeito surpresa. O "Jardim do Éden" é extraordinariamente maravilhoso. Eu não conhecia e fiquei surpreendida. Infelizmente não consegui tirar fotografias decentes porque era proibido o flash e a sala estava toda escura. Esta imagem é da internet:

Foi a obra favorita do meu irmão. Eu também gostei muito.

Mas nada melhor do que o Coração Independente. Os pormenores são incríveis!


Esta é A PEÇA da exposição.

A favorita da minha mãe foi "A Noiva" que também gosto imenso!




Mas não foram só as peças da Joana Vasconcelos que me deslumbraram. O Palácio é em si uma obra de arte. Tanta coisa linda, tantos pormenores luxuosos... Mas isso fica para outro post.

Ah, e ainda há uma terceira parte das minhas férias que irei contar mais tarde e que eu acho que as meninas vão a-do-rar!

Fiquem à espera para ver.

Entretanto, digam-me, gostam da Joana Vasconcelos ou nem por isso? E porquê? Já conheciam a sua obra ou conheceram através deste post? E quantos de vocês já foi ver esta ou outra exposição da artista? Vá, quero saber coisas... Podem escrever em comentário, escrever no facebook da casa ou enviar-me um email para stickyandraw@live.com.pt - prometo que respondo a todos! :)

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