quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A semana está a começar e não podia estar a correr pior

Esta semana está a correr particularmente mal. E só vamos na terça feira. Tenho orais na sexta. Espero que esta nuvem negra se dissipe entretanto.
Ontem tive o teste mais difícil dos dois anos de universidade. Não estou a exagerar. A matéria era ridícula de difícil e praticamente inútil para o nosso curso (não era tudo, era algumas partes). Devido a especificidades que, acredito, nem alguns informáticos conheçam deu-se que 80% da turma - daqueles que eu perguntei e ouvi, que foram mesmo muitos - tiveram uma nota negativa. Houve 4 com fartura. 0 e 2 foram o prato do dia. Não me admira que nem 10 positivas tenha havido. A mais alta que ouvi foi um 15. Eu tive 8, a minha primeira negativa deste semestre. Senti-me triste porque estudei e achei o teste injusto porque descontava as respostas erradas e devido à matéria estupidamente difícil e às 40 perguntas em 55 minutos. Nem menos nem mais um segundo. Depois desse tempo o teste fechava e era enviado quer estivesse terminado ou não.
O pessoal estava incrédulo com as notas, e acreditem que se há turma estudiosa, é a minha. Estamos muito cansados. Há 2 meses que não temos descanso. Não há fins de semana nem férias de Natal. Os professores pedem tudo e mais um par de botas. Notas, nem vê-las. Soube a deste teste porque foi feito no computador e o resultado é automático. Sentimos uma enorme pressão. Claro que é isto que nos prepara para o futuro, mas ainda assim sinto que me estão a tirar anos de vida.

A minha mãe está doente em casa. Sexta e segunda não foi trabalhar. Passamos o fim de semana em casa para que pudesse recuperar. Não é nada de grave, apenas tosse. Mas é muita tosse. Hoje ia trabalhar. Sou acordada às 8h30 pelo meu pai a dizer que a mãe deu um jeito de noite a tossir e que não se consegue mexer. Pensou que fosse uma costela deslocada porque ouviu um estalinho no osso. Levantei-me, combinamos que íamos ao hospital. Arranjei-me e ajudei-a a arranjar-se. Saímos de casa passavam 10 minutos das 9 da manhã.
Fomos ao hospital privado porque é mais perto e o atendimento é mais rápido. Sentámo-nos na sala de espera e imediatamente fomos chamadas para a pré-consulta. A minha mãe explicou ao enfermeiro simpático o que se passava. Ainda estávamos dentro do consultório quando chamaram pelo nome da minha mãe. Era a médica que a ia consultar. Pelo aspeto não gostei dela, mas as aparências podem iludir. A minha mãe voltou a explicar o que aconteceu durante a noite. No fim a médica ficou a olhar para ela sem dizer nada. Parvinha a olhar para a minha mãe. Lá digitou com muita lentidão e apenas com um dedo no teclado aquilo que a minha mãe tinha acabado de dizer. Ficou pasmada a olhar para o monitor. Silêncio. Um minuto depois diz que a informática não está a funcionar, que tem que fazer aquilo à mão. "Eu agora? Eu não sei onde é que eu vou escrever isto à mão!". Apeteceu-me perguntar-lhe se queria uma folha e uma caneta, que eu tinha no meu saco. Virou a cadeira e dirigiu-se ao armário - sempre muito devagar, devagarinho - pega na carteira e muda-a para o outro lado, procura um bloco no meio de três. Sacudiu-lhe o pó. Começou a escrever. "Número do BI?", perguntou à minha mãe que lhe entregou o cartão. "Dite-me os números". Repetiu a peripécia com o número da ADSE. Disse-lhe para entregar aquele papel ao enfermeiro que ia ter que fazer um raio-X e depois voltar. Saímos do consultório e ela nem na minha mãe tocou.
Esperamos para fazer o exame que foi bastante rápido. Voltamos a esperar para entrar novamente no consultório da médica. "Olhe, não tem nada deslocado mas tem aqui uma bronquiolite aguda!". Assustou a minha mãe e disse-lhe que a medicação que tem estado a tomar era insuficiente (a minha mãe já tinha ido ao médico na quinta feira passada apenas por causa da tosse) e queria receitar-lhe um antibiótico. A minha mãe disse-lhe que estava a tomar Tamoxifeno (um medicamento que é uma espécie de uma quimioterapia para quem teve cancro de mama) e queria saber se não interferia. Uma pergunta bastante normal, do meu ponto de vista, que eu própria iria fazer se a minha mãe não perguntasse. A resposta da médica foi "Oh isso não altera nada porque esse medicamento é para a dor de cabeça. Não altera nada". Aí eu falei. Expliquei-lhe o que era o Tamoxifeno e ela respondeu-me que "É a mesma coisa". Mas aí levantou-se e foi auscultar a minha mãe - ainda não lhe tinha tocado! Receitou o mesmo antibiótico. Pagamos e saímos. Eram 11 horas.
Claro que depois de ouvir o que aquela totinha tinha dito, a minha mãe ficou com medo e decidiu ir falar com a médica da oncologia que a está a acompanhar, no hospital público.
Fomos. Pedimos à secretária um minutinho da doutora, que era só para mostrar a receita e saber se podia tomar ou não. "Ah, mas a doutora está muito ocupada. Ainda tem 3 consultas por da." E começou a dizer à minha mãe o que tinha que fazer, que o medicamento estava bem receitado e que nem precisava de entrar no consultório. A minha mãe, irritada e com dores, disse para ligar à médica em frente dela e que se pudesse falar que esperava o tempo que fosse preciso. Assim fez, ainda que contrariada. A médica disse que sim senhora, falava com a minha mãe se ela quisesse esperar para o fim das consultas. Desligou o telefone e nós sentámo-nos à espera. Passou meia hora, uma hora e nada. A segunda consulta saiu. Chamou a terceira. Não estava lá ninguém. Uns 20 minutos depois, ninguém entrava nem ninguém nos dizia que já podíamos ser atendidas. A minha mãe levantou-se e foi perguntar à funcionária se ainda não podia entrar visto que o paciente da terceira consulta não estava presente e já tinha sido chamado há 20 minutos. A senhora disse que ainda não tinha dito à médica que estávamos à espera dela, que não a queria incomodar. Disse que o senhor em questão deveria estar em tratamento e só depois ia à consulta. A minha mãe resmungou-lhe e obrigou-a a ligar à médica. Sentou-se de novo. Uns 5 minutos depois ela lá pegou no telefone e cumpriu a sua obrigação. Meio minuto depois a médica chamou-nos. Pediu-nos desculpa pelo tempo de espera mas não sabia que nós estávamos à espera. A minha mãe só lhe pediu um minuto para ver a receita mas ela fez questão de a examinar. Auscultou-a, fez apalpação, viu o raio-X que foi feito no outro hospital e riu-se quando lhe contamos que afinal o Tamoxifeno é para as dores de cabeça. Disse para não se preocupar porque não tinha uma bronquiolite aguda. Tinha bastante expetoração mas nada que não se resolvesse rapidamente com um antibiótico. Não precisava de se preocupar. A receita foi alterada. Agradecemos e saímos.
Tinha estacionado o carro no parque do hospital. Pois que era 1h quando saímos da consulta e chovia a cântaros. Fomos a correr para o carro. Mas eis que reparamos que está uma fila enorme para sair porque a máquina estava avariada. Não lia os bilhetes de pagamento e a barra não levantava. Uns 15 minutos depois chegou um segurança que resolveu a questão.
Fomos comprar os medicamentos à farmácia. Fui à FNAC ver se tinha uns livros que precisava para as minhas orais de sexta feira. Não tinha. Fui à biblioteca municipal enquanto que a minha mãe ficou no carro para não se molhar nem se cansar. Como o trabalho dela é mesmo em frente à biblioteca ainda levei o atestado médico. Não havia livros que me interessassem mas trouxe três por descargo de consciência. Pode ser que se tire daqui alguma coisa.
Entretanto eram 3h30 ou 4 horas, já nem sei, quando chegamos a casa. Ainda não tínhamos comido nada durante o dia. No fim do pequeno-almoço/almoço/lanche fomos descansar que a manhã foi para morrer.
E pronto, a modos que perdi um dia de estudo mas paciência. A minha família sempre em primeiríssimo lugar. Vou aproveitar a noite para ir adiantando a matéria.
Como vos disse, chega a um ponto que já não se sente literalmente nada. Nem fome, nem tensão, nem cansaço. O sono é que ainda não consigo absorver e fingir que não existe. Afinal esta noite dormi nem 4 horas.


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