segunda-feira, 27 de abril de 2015

[Ontem foi noite de cinema 27]

Ando a dar-lhe certinho nos filmes. Que saudades de ter um tempinho extra para ver aqueles que estão na lista há tempo de mais. E os que ainda faltam...
Tenho sempre a intenção de ver o Birdman mas na hora da verdade, descaio-me sempre para outros que têm mais a ver comigo ou que captaram mais a minha atenção.

Selma
Já sabem que o tema do racismo, do preconceito mexe-me com o sistema nervoso como poucas coisas o fazem. O Martin Luther King é, talvez, uma das personalidades que mais admiro na história (assim como o Nelson Mandela, entre outros). Não podia deixar de ver este filme.
Não conhecia este excerto da história da luta do dr. King e por isso gostei muito do filme. Mostrou-me muito mais do que aquilo que já conhecia.
O filme está muito bem feito, bons planos, bom enredo, uma dinâmica quase sempre boa. Bons atores e algum rigor histórico - não nos podemos esquecer que é um filme e que muitos pormenores são omitidos.
Mas o que mais me impressionou neste filme foi a tensão. Pronto, é um tema que eu sou sensível, tudo bem, mas chorei. E não chorei de tristeza. Chorei de choque e de vergonha. Tive tanta vergonha do que nós, os "brancos", fizemos. Tanta vergonha de saber que isto não vai assim há tanto tempo quanto isso e que, infelizmente, ainda hoje continuamos com o mesmo problema. Mais disfarçado, mas ainda cá está.
Outra das coisas que admirei muito foi a fé das personagens. Uma fé como aquelas não é para todos. É um dom. É preciso acreditar com todas as forças. E fiquei com um bocadinho de inveja, confesso. Não tenho essa capacidade. Mas é comovente ver isso nas pessoas.
Recomendo. Vejam este filme e espero que sintam o mesmo desconforto que eu senti.


Boyhood
Já tanto se falou deste filme. Já ouvi pessoas a dizer que é espetacular e outras a dizer que é uma seca, que são 3 horas perdidas.
Eu gostei. Não é um filme comum. Não acontece nada de extraordinário a não ser a vida como ela é. Não há acidentes dramáticos, ninguém se apaixona à lá Nicholas Sparks, não há nada de especial por si. É só a vida a decorrer. Uma vida como a minha, como a vossa, como da maioria das pessoas.
E isso é bonito de ver. Mais que não seja é diferente e também faz falta.
É muito interessante ver o desenvolvimento físico e emocional das personagens, as espinhas na cara, as fases mais estranhas pelas quais todos já passamos, a universidade, os divórcios, os casamentos, o nascimento, as relações que vão melhorando conforme crescemos e que pioram na adolescência, os namorados, os amigos, as aflições, as dúvidas, a solidão, a felicidade... Tudo é exatamente aquilo que conhecemos. É genuíno e é um filme que vale a pena ver. E eu já disse que sou fã da Arquette? Então digo outra vez.
P.S. E o miúdo que era lindo de morrer e torna-se num trambolho? É a vida...

Interstellar
O melhor filme que vi este ano. Juro.
Não é para todos os gostos. Mas eu acho que quem consegue ver até ao fim é impossível não ficar absolutamente maravilhado com a história, o enredo, tudo. Eu nem tenho palavras para descrever esta obra de arte. Não sei como é que não ganhou mais Oscars. Para idealizar e realizar um filme destes é preciso ser uma pessoa muito especial, muito criativa e, sem exagerar, ser um pequeno génio.
Se tiverem três horas disponíveis e uma mente suficientemente aberta, vejam este filme. Mas vejam mesmo. Até ao fim. Não comecem a dizer que não perceberam nada. Vejam com atenção e esperem que as coisas se resolvam. Vão ficar completamente arrebatados. Prometo.
Podem acreditar ou não, tudo bem, mas têm que admitir que o filme está extremamente bem pensado de maneira a termos sempre ação e realismo no meio de uma história que se fosse mal contada tinha tudo para dar errado e ser uma autêntica porcaria. Mas quem sabe, sabe e Interstellar é bom em tudo.


O Meu Nome é Alice
O Meu Nome é Alice - ou Still Alice, que é bem melhor do que a tradução - é um bom filme. Mas o que se realça mesmo ali é a interpretação absolutamente brilhante de Julianne Moore. Entramos naquele inferno que ela fala. Entramos nas dificuldades do dia a dia e compreendemos a enormidade desta doença, a maneira de como nos incapacita e percebemos mais tarde que quando ela diz "Preferia ter cancro" estava a ser sincera e talvez não estava tão errada quanto parecia na altura.
É triste ver todas as nossas memórias, as nossas ideias, os nossos sonhos e até as nossas capacidades mais básicas perderem-se um pouquinho a cada dia que passa. Mais do que triste, é assustador. É assustador não conhecer a nossa casa, a nossa família, não nos lembramos como é que apertamos os cordões das sapatilhas... Enfim, é um filme que apesar de mostrar momentos angustiantes não é extremamente dramático. Não é mesmo!
Todas as personagens são muito boas à exceção da Kristen Stewart que me enerva solenemente porque não muda aquela expressão facial nem por nada deste mundo. Não é capaz de se mostrar eufórica ou deprimida. A sua expressão é sempre who-the-hell-cares-? e isto deixa-me nervosa.
É um bom filme. Não é uma obra de arte, mas também não pretende ser. Pretende retratar o quotidiano desta doença horrível que infelizmente ainda não tem cura.
Precisam de ver o filme para saberem de que é que eu estou a falar ;)


Birdman
Já sabem que a minha vontade de ver este filme era mais ou menos equivalente a zero. Mas como ganhou o Oscar de melhor filme, entre muitos outros, eu achei por bem ver o que se passava por aqui.
De facto, o filme é muito original a nível técnico. Muito diferente daquilo que estamos acostumados a ver em Hollywood. Planos longos, perspetivas muito diferentes àquilo que nos acostumamos, uma dinâmica muito própria, as luzes, os cenários, os pontos de vista, os diálogos muito bons, a luz. Enfim, tecnicamente gostei imenso. Era sempre uma novidade em cada cena.
Os atores são fenomenais. De quem gostei menos foi da pequena Emma Stone que ainda estou para perceber como é que foi nomeada. A sério? Não fez um mau trabalho, mas também não foi excelente, muito menos extraordinário. Tenho uma espécie de amor-ódio com o Edward Norton. Há filmes que adoro e outros que detesto. E neste, adorei vê-lo.
Quanto à história, não achei extraordinária. Claro que percebi que é tudo uma metáfora e que todo o filme andou em volta do ego da personagem principal muito bem interpretada pelo Michael Keaton mas não fiquei fã. Não é um filme que me irei recordar no futuro nem que pense em revê-lo daqui a uns tempos. Não concordei com o facto de ter vencido o Oscar. Mas é apenas a minha opinião.


[Sticky&Raw]
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