segunda-feira, 30 de julho de 2012

Ontem foi noite de cinema 10

Hoje vou falar-vos sobre o Kevin. Há bastante tempo que andava empolgada para ver este filme ao qual só ouço e leio os melhores elogios sem nunca me esconderem que é um drama denso e deprimente, mas ainda assim, excepcional. Estava no topo da lista e finalmente chegou a sua vez. Honestamente, fiquei um pouco desapontada porque esperava mais drama - sim, ainda mais -, de mais revolta, raiva, de mais arrependimento, depressão e de mais explicações. Ou seja, gostei mas não era exactamente o que estava à espera, no entanto, talvez as expectativas fossem demasiado altas devido aos comentários, e talvez se não os ouvisse/lesse, teria considerado um dos melhores filmes dramáticos que já vi, mas não.
À parte disso, o filme é fenomenal e extraordinariamente perturbador sem nunca se preocupar em pôr "paninhos quentes" no tema do inquestionável suposto amor incondicional de mãe que aqui é explorado ao máximo. Até que ponto é que uma mãe ama incondicionalmente o seu filho? Ela tem de o amar só porque é seu filho? E se não amar, como vive com isso? Como sobrevive à sociedade? Será que uma mãe pode odiar o seu filho e será que ele pode nascer intrinsecamente mau? Até que ponto é que uma mãe consegue perdoar? Qual o limite do seu amor? Será que há crianças que nascem psicopatas ou o ambiente torna-as perversas e maliciosas? Será que uma mãe consegue detectar essas características no seu filho sem ser iludida pelos seus olhos maternos? Haverá crianças tão maquiavélicas como o Kevin? Toda e qualquer mulher tem capacidade para ser mãe?
São estas questões que o filme coloca e torna tudo muito perturbador. Como é que o único momento feliz do Kevin enquanto criança o faz torná-lo num psicopata? Como foi capaz de deixar a mãe sozinha a sofrer de solidão, exclusão e desgosto? E como é que a sociedade a pode tratar da maneira que trata? Será que ela teve culpa? A outra filha era perfeitamente saudável e nasceu no mesmo seio familiar, com as mesmas regalias e as mesmas regras, logo, os pais têm culpa no que o Kevin se tornou?
O filme não nos responde a nada, apenas nos põe questões, muitas questões, tantas que as poderia estar a escrever um dia inteiro.
Anyway, vejam, vale mesmo a pena, mais que não seja para termos uma noção do que estas pessoas são, no que se tornam e na responsabilidade (ou não) dos pais e que direito temos nós de os julgar. No fundo, este filme pode ser considerado como um abre-olhos.

P.S. Adorei a metáfora do "molho do tomate" e da tinta vermelha que simbolizam o sangue e as fases que a mãe do Kevin passou.

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