quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Defeitos e feitios


Sou capricórnio. Tenho a personalidade mais fodida que conheço. Sou ambiciosa. Sou perfecionista. Gosto das coisas à minha maneira. Gosto de planear e que tudo corra como previ. Gosto de fazer coisas diferentes, mas, manter sempre uma mini-rotina. Adapto-me bem às situações, sempre o fiz. Sou fria, escondo as emoções e nunca gosto de mostrar que estou mal. Chamam-me otimista, mas sou tudo menos isso quando se trata da minha vida. Consigo suportar muita coisa calada - mortes, doenças, fracassos, desilusões - e consigo sempre dar a volta por cima apenas porque não suportaria que os outros percebessem que estou a perder. Sou má como as cobras para quem merece. Faço tudo a quem me é querido. Prejudico-me, se for preciso, para que os meus estejam bem. Custa-me admitir que errei, mas mais tarde ou mais cedo acabo por fazê-lo. Digo que não gosto de crianças mas não resisto quando elas querem colo ou brincadeira. Emociono-me com os animais e amo a minha Princesa como se fosse um membro da família. Não confio nas pessoas logo no início e tenho tendência a julgá-las - normalmente não me engano, tanto para o bem como para o mal.
Fui passar férias com o meu namorado e com o grupo de amigos dele. Já tínhamos ido o ano passado. Éramos 7. Cinco rapazes e duas raparigas. Eu não sou propriamente amiga deles. Vejo-os algumas vezes quando saio à noite com o meu namorado e vamos até ao café ou à praça, mas fora isso, não temos nenhuma relação de proximidade. Gosto de todos eles à minha maneira. Eles já perceberam que não sou de "conices" e não estava ali para agradar ninguém nem sequer para que me incluíssem no grupo. Apenas fui por ele.
Este ano aconteceu uma coisa chata (entre eles) e eu tinha saído com o Zé. Fomos jantar fora. O T. ligou-lhe a contar a situação e não sabia o que havia de fazer. Tinha a ver com a D. Mal desligou o telemóvel e relatou a situação, eu previ logo o que ia acontecer. Disse que eu era tola, que ela não ia ficar em casa e que ia sair com eles. A questão era se nós também íamos ou não. Eu só lhe disse "A D. não vai. Vai ficar em casa à nossa espera e, por mim, ficamos com ela.". Resmungou entre dentes e disse que não os conhecia e não sabia o que estava a dizer. Nem 5 minutos depois o T. mandou-lhe uma mensagem a dizer que a D. não ia sair de casa e que eles já tinham saído.
Mais tarde, quando contei a situação à D. ela disse-me "Conheces-me melhor do que eles, que estão comigo há anos".
Não era difícil de adivinhar. As personalidades fortes são assim e ela tem uma personalidade dessas. Apenas fez aquilo que eu, na posição dela, teria feito.

Essa noite foi um chamado "abre-olhos" e o motivo pelo qual não gostei assim tanto das minhas férias. Soube de coisas que me magoaram até às entranhas. Soube que me mentiam há tempo demais e a D. descobriu o mesmo.
Hoje, uma semana depois, continuo tão ou mais magoada. Não consigo perdoar. Não consigo esquecer e muito menos voltar a confiar. Sei que tenho uma amiga, uma aliada que me compreendeu e deu-me razão. Admitiu que não era, de todo, a imagem que tinha de mim. Venderam-lhe uma completamente diferente. De que a culpada era eu. Mas ambas sabemos que é o costume - quem ter uma personalidade forte sente sempre isso.

Não gosto de pessoas fracas. Pessoas que não dizem o que estão a pensar. Não confio nelas. E tenho motivos para isso, acreditem.
Ter um feitio destes dá-me muitos problemas, porque não consigo estar calada quando vejo alguma coisa que não bate certo, mas ao menos posso-me gabar de não ser mentirosa nem hipócrita. Não faço nada só porque os outros fazem. Não gosto só porque os outros gostam. Não vou só porque os outros vão. E sinto orgulho nisso.
Quanto mais penso nisto, mais certezas tenho de que a minha personalidade, muito raramente é bem recebida ao início - arrogante, dizem - mas quando se dão ao trabalho de me conhecer melhor e quando há oportunidades de mostrar que não sou tão má como pintam, as pessoas admitem que estavam erradas. E vêem-me como uma amiga.
Por outro lado, os que são "coneiros" e são influenciáveis, podem parecer muito porreiros ao início, mas com o passar do tempo, todos percebem que afinal aquela pessoa não é tão honesta e sincera quanto achavam.
Acho que durante estas férias aquele grupo começou a perceber. Pelo menos, assim espero.

Não sou perfeita, mas ao menos não sou uma cópia.

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