segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Talk to Each Other!

Fui almoçar com a A. Só nós as duas, como se tem tornado hábito. Um hábito que gosto muito. Fomos a um restaurante que serve diárias muito boas perto da universidade e comemos um esparguete à bolonhesa bem bom.
Enquanto que estávamos na amena cavaqueira, com mais de uma hora para almoçar, estava ao nosso lado um rapaz que almoçava sozinho. Minto. Não estava sozinho. Estava acompanhado pelo seu IPad. Pediu um dos pratos do dia e comeu-o em pouco tempo sem pôr os olhos na comida. Nunca os desviou do visor. Mais tarde pediu mousse de chocolate. Pus-me discretamente a apreciá-lo. A funcionária trouxe-lhe a sobremesa. 5 minutos depois e ele continuava de olhos postos no tablet e a mousse continuava intacta. Chamei a atenção à A. com o olhar. O olhar que ela e eu já conhecemos muito bem. Daqueles olhares que não precisamos de dizer nada para perceber o que a outra quer dizer. Percebeu que me referia à mousse de chocolate vs. IPad. Esperamos. Ele continuou concentradíssimo.
Entretanto chegou a nossa sobremesa e acabamos, obviamente, por nos distrair com o sabor e com a conversa. Quando olhei para o lado, pensando eu que o rapaz ainda não tinha mexido um músculo para chegar à taça, já não havia restos de mousse na mesa. Juro. Aquilo esteve em cima da mesa, em frente dele por uns 10 minutos e eu desvio o olhar por um minuto e quando volto já lá não está nada qual magia!
Lancei outro olhar daqueles à A. Ela quando reparou deu um gritinho de admiração. Pensou o mesmo que eu, mas exprimiu-o mais alto. Rimo-nos muito, sem que ninguém tivesse percebido de onde aquelas gargalhadas vieram. O rapaz nem sequer deve ter sentido o sabor do chocolate. Nem de nada que comeu ali.

Mas agora falando sério, é triste almoçar sozinho e apetecia-me muito dizer ao rapaz, com a melhor das intenções, para se juntar a nós e partilhar a refeição. Mas ele provavelmente estaria a partilha-la com fotos de outras miúdas bem mais giras que nós no Facebook e iria recusar.

Apesar de gostar de andar pela internet (caso contrário não teria um blog), prefiro de longe conviver cara a cara, conversar, partilhar, rir até doer a barriga, tocar nas pessoas, abraçá-las, ouvir a voz delas, conhecê-las pelo cheiro e conhecer-lhes as expressões. Não há Facebook que substitua isso.
Detesto estar a conversar com as pessoas e elas estarem com o telemóvel a ignorar-me por completo - o que acontece mais vezes do que eu desejaria. Durante os almoços, os jantares, seja que refeição for, cá em casa os telemóveis são proibidos. E é uma regra que pretendo continuar a ter.




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