sábado, 13 de fevereiro de 2016

ontem foi noite de cinema 32

Finalmente um tempinho para vir contar-vos o que tenho andado a ver e o que tenho achado disso. Preparem-se, os Oscars estão a chegar e eu tenho muito para dizer.


O Renascido
Começo por dizer que até agora este é o meu filme preferido para os Oscars. Tem que ganhar pelo menos os Oscars de Melhor Realizador, Melhor Ator, Melhor Fotografia e Melhor Direção Artística. E já não exijo o Melhor Filme porque os outros também têm que ter oportunidade, coitados, escolheram um mau ano para concorrer.
Juro-vos, este filme é uma obra de arte. É perfeito. E o menos interessante nele é a história. Cada imagem, cada frame são perfeitas, tão bonito, mas tão bonito que eu nem sei descrever. É tudo tão cru, tão natural que parece que estamos quase a ver um documentário. O Inárritu está mesmo a dar-lhe. Apesar de no ano passado não ter gostado da história de Birdman há que reconhecer a técnica do realizador. Inovadora, surpreendente, catching. Adoro quando se dá o passo em frente. Neste caso a história não é extremamente interessante e tudo decorre muito lentamente, mas a arte está por todo o lado. O Di Caprio nunca esteve tão bem. A sua personagem, que quase não tem falas, consegue demonstrar todo o sofrimento, toda a luta épica, todo o desespero e vontade de uma forma que só um grande ator, merecedor de vários Oscars, consegue transmitir. Se há alguém que merece a estatueta é este rapaz. E olhem que já lhe roubaram esse direito algumas vezes. Vamos ver se não me voltam a partir o coração este ano.
Mas voltando ao filme em si. Maravilhosamente bonito. A luz é perfeita, a fotografia, a montagem, a caracterização, os cenários (que são reais, não são dentro de um estúdio) e até os efeitos especiais estão extraordinários. Há vários pormenores de câmara que adorei como aquando do ataque do urso a câmara parece que cai ao chão e ficamos a ver a cena naquela perspetiva, com aquele ângulo; ou quando a câmara fica salpicada com água ou sangue... Há tantos detalhes neste filme, tantos pormenores que no seu conjunto é mesmo uma obra de arte.
Admito, contudo que não seja uma opinião generalizada. De facto não é para todos os gostos: é lento, é muito cru, violento e há poucas falas - pouquíssimas! Eu adorei. Mas digam-me qual é a vossa opinião.

A Rapariga Dinamarquesa
É um bom filme, com uma ótima história e atores excelentes. Que o Eddie era bom, já sabia, mas agora descobri a Alicia Vikander e não quero outra coisa. É uma full-package-girl - tem tanto de gira como de talentosa. Dá tanta vida ao filme como o próprio vencedor de um Oscar. 
O filme é mesmo muito bonito, com um ótimo guarda roupa, ótimos cenários, luz, fotografia, enfim, é quase um quadro. E a história de amor entre os dois é qualquer coisa de inacreditável, e mais inacreditável mesmo é ser uma história verídica. Pesquisem no Google e vão confirmar. É tão impressionante quanto incrível todo o processo de descoberta e de perseguição pelo bem estar físico e emocional. Não é um filme para preconceituosos. Ou melhor, até é. Pode ser que aprendam umas coisinhas. Vale mesmo a pena vê-lo, é muito bom, mas acho que não vai ter grande sucesso nos Oscars. Poderá ter uma pequeníssima hipótese na categoria de Melhor Atriz Secundária e até poderá mesmo ganhar na categoria de Melhor Guarda Roupa. Não acredito que vá muito além disso.

A Ponte dos Espiões
Se houve filme que me deixasse surpreendida foi A Ponte dos Espiões. Se ainda não tiveram a oportunidade de ver, não percam mais tempo! Já todos sabem que a minha queda para assuntos da Segunda Guerra Mundial ou outras guerras, assim como a descriminação, blablabla, já sabem, não preciso de estar a repetir-me. Pois que este filme toca um pouco em tudo aquilo que eu defendo e que gosto de ver retratado no grande ecrã: a tolerância, a honestidade, a amizade, o pormo-nos no lugar o outro... Há de tudo neste filme. Adorei de coração. A história é ótima e ainda por cima é verídica. Os atores são extraordinários e tenho mesmo que destacar aqui o trabalho maravilhoso de Mark Rylance que de verdade é merecedor da nomeação ao Oscar de Melhor Ator Secundário. Adoro a sua passividade, a forma como encara a vida. A certo ponto a personagem de Tom Hanks pergunta-lhe porque é que não se exaltava, com tudo o que estava a acontecer. E ele responde-lhe "E isso ajudaria?". É tão verdade quanto desconcertante, não acham? Eu adorei a história do Standing Man. São estes pormenores que me fazem gostar tanto de um filme. Vejam!

Quarto de Jack
A melhor surpresa até agora depois e O Renascido. Não estava muito empenhada em conhecer mais sobre o filme e foi então que sem querer tropecei no trailer. Aguçou tanto a minha curiosidade que em menos de nada já o estava a ver.
Pessoas, vejam. Juro! É tão bom, mas tão bom... Toda a história, todos os diálogos - os que são ditos e os que não são, sendo que estes são bem mais profundos e importantes - todo o turbilhão de emoções que vamos sentindo, a história que vamos descobrindo pelo caminho... É arrebatador, sem dúvida.
Só tenho uma queixa: o Jacob não estar nomeado. Se havia alguém que merecia uma nomeação era este pequenote de 9 anos que encheu o filme como não se vê muita gente por aí a fazer. Ele é a alma de tudo. Não tirando, claro, o mérito da excelente interpretação de Ma, ou melhor, Brie Larson, que está nomeada para Melhor Atriz.
Não esperem um filme super dinâmico, com explicações muito lógicas e esclarecimentos daquilo que se está a passar no momento. Não. A parte mais surpreendente neste filme é que tudo é visto pelos olhos de Jack, o miúdo de 5 anos que sempre viveu no quarto com Ma e acha que não há nada para além daquelas quatro paredes. O Quarto é o Mundo. É mesmo, mesmo muito interessante. Vou manter o miúdo debaixo de olho. Pode vir a ter uma enorme carreira, olhem para o que vos digo!

Carol
Não estava muito entusiasmada com este filme, confesso. E não me enganei. Toda a gente adorou, venerou e bateu palmas de pé. Eu não. Vale pela grande Cate e pouco mais. A Rooney está no bom caminho, certamente. Já gostei menos dela, mas tenho sempre um problema com atrizes que raramente mudam a expressão facial. São ótimas para interpretar pessoas apáticas mas não a imagino a fazer uma comédia ou alguma coisa mais descontraída que não seja dramática. Não a considero uma atriz versátil e essa característica é fundamental nesta carreira, não concordam? Enfim, o filme não tem uma história extraordinária e pior, até é bastante previsível, e tem um ritmo muito, muito lento. Mas não foi por ser lento que eu não gostei. O guarda roupa é muito bom, a caracterização idem aspas. A Rooney está a cópia chapada da Audrey Hepburn - não sei se foi intencional ou se simplesmente foi uma coincidência. A banda sonora também é boa mas na minha opinião tudo se resume a qualidades técnicas e à Cate. Não me parece que vá rever este filme de novo.

Os Oito Odiados
Não quis ver imediatamente o filme porque sabia que ia ser bom. É Tarantino, não dá para ser mau, então fui dando oportunidades aos outros.
Na minha opinião é dos piores filmes que o Tarantino fez ultimamente. Ainda assim é muito bom. Mas lá está, é só a minha opinião sobre o meu realizador favorito.
O génio dele está por todo o lado. Estamos a ver os créditos iniciais e já sabemos imediatamente que é Tarantino. A sua assinatura é sempre tão forte e tão percetível que até os mais distraídos conseguem perceber. Mas vamos lá por partes:
Os Oito Odiados tem nada mais nada menos que 3 horas e a primeira hora e meia podem passar à frente. Não se passa muito por ali e parece que a história nem sequer se vai desenvolver muito. Ganha em muito pelos atores maravilhosos com personagens ainda melhores, cheias de traços de personalidade muito bem definidos, todos diferentes entre si e todos muito, muito chatching. A história de cada um deles é muito bem delineada e cruza-se de uma forma muito engraçada, muito Tarantino, claro, mas convincente. As oito personalidades são obrigadas a conviver num pequeno espaço durante um nevão mas os preconceitos e ódios são difíceis de controlar. Por exemplo, há um carrasco, um negro, um xerife, um mexicano... Enfim, podia continuar mas a piada nisto tudo é que nenhum deles é o herói. Nenhum tem mais características positivas que os outros e nós somos convidados a assistir a diálogos absolutamente maravilhosos entre eles. Uma salva de palmas para a Jennifer Jason Leigh que faz um papel extraordinário! Mas mesmo muito bom minha gente. Tudo no filme, tecnicamente, é ótimo. Há sangue que se farta, há tiros, ódios de morte, mortes mesmo, enfim, um verdadeiro filme á lá Tarantino. Mas custa muito a arrancar. Por isso é que eu digo que a primeira hora pode ir ao ar à vontade. É um ótimo filme mas é só para fãs. Quem não for apreciador ou quem nunca viu nenhum trabalho do senhor, aconselho, definitivamente, a não começar por este.

Bem, isto foi só o início gente. Há o dobro destes para falar numa próxima - antes dos Oscars de preferência, claro!


Sticky&Raw
Facebook | Instagram | 
stickyandraw@live.com.pt

Sem comentários: