Quando estive em Berlim, no final de novembro, tropecei nos preparativos de uma premiere dum filme da Netflix Bird Box. Ainda não tinha ouvido falar, mas depois de pesquisar, apercebi-me que entravam atores como a fofa da Sandra Bullock, a Sarah Paulson e ainda John Malkovich. Podia ter-me cruzado com eles, mas não aconteceu, infelizmente.
Esta semana fui pôr os filmes em dia - já que tive que terminar Gossip Girl - e encontrei esse mesmo. Fui espreitar. Gostava muito de vos dizer que o filme é incrível e super-tudo, mas a verdade é que é só mais do mesmo. Aviso já que este post contem spoilers!
Começamos com Malorie (Sandra Bullock) grávida e sem grande vontade de ser mãe a deparar-se com o apocalipse. Algo está a "consumir" as pessoas e a torná-las suicidas. Depois de ver a sua irmã a atirar-se para a frente de um autocarro, Malorie refugia-se numa casa, juntamente com um grupo bastante heterogéneo - e muito estereotipado, diga-se - de pessoas que também conseguiram escapar. Percebem mais tarde que não podem olhar para o exterior ou serão possuídos também por algo ou alguém - who knows? - e em breve cometerão suicídio. Escusado será dizer que apenas Malorie escapa com vida, certo? Ela, o seu filho, que entretanto nasce, e a filha de uma rapariga que também pertencia ao grupo e que deu à luz ao mesmo tempo que Malorie e que esta lhe prometeu que cuidaria dela se algo lhe acontecesse. Em suma, o filme gira em torno da sobrevivência e da adaptação dos hábitos diários ao novo estilo de vida. Tapar janelas, usar vendas no exterior, aprender a ouvir o que os rodeia...
O filme decorre ao longo de 5 anos. Começa com Malorie a conversar com as duas crianças - de 4/5 anos - sobre uma aventura perigosa que terão que fazer para conseguirem sobreviver, claro, sem nunca tirarem as vendas. E depois vamos intercalando entre o passado, quando tudo começou e Malorie ainda estava grávida, e o a viagem de 2 dias de barco, às "escuras", sozinha com duas crianças e 3 pássaros numa caixa, para encontrar abrigo numa comunidade que nem tinha a certeza que existiria.
O maior problema deste filme são as pontas soltas que até são interessantes em alguns contextos, mas neste caso, é só desleixado e preguiçoso. Nada é respondido no final do filme: quem ou o quê provoca estes sintomas de loucura? de onde vieram? como podem ser combatidos? essas criaturas não poderiam entrar nas casas? porque é que algumas pessoas são imunes ao suicídio? porque é que também têm o mesmo efeito se forem vistas através das câmaras de vigilância? quem são as pessoas que se cruzaram com Malorie na casa? para onde foi o casal que fugiu? porque é que as duas deram à luz no mesmo momento? porque é que o Gary fazia tanta questão de olhar para os bebés? como é que conseguiram criar 2 crianças saudáveis ao longo de 5 anos se quase nem conseguiram sobreviver a uma visita ao supermercado que ficava a 800 metros? como é que ao longo dos anos ainda tinham água, luz, gás? quem criou a comunidade para onde Malorie foi? porque é que as criaturas não entram ali? porque é que os pássaros reagem daquela forma? reagem assim por causa das criaturas ou por outro motivo?
Como vêem, o que não faltam são perguntas que não foram respondidas. Além desta critica, aponto outra que também já li várias vezes por aí: a similaridade ao A Quiet Place, que já vos falei aqui e que foi dos filmes mais fixes que vi este ano. A premissa é a mesma: neste não é permitido olhar, no outro não é permitido falar/fazer sons.
Mas não me interpretem mal. Eu gostei do filme, apesar de todas estas críticas, especialmente porque a prestação da Sandra Bullock é, como sempre, muito boa e convincente, tal como a fotografia, os cenários, a luz... Além disso, há momentos de tensão e de entretenimento. É um filme de domingo. Se quiserem um a sério, então aconselho o A Quiet Place... Não se vão arrepender ;)
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