sábado, 29 de dezembro de 2018

Bird Box



Quando estive em Berlim, no final de novembro, tropecei nos preparativos de uma premiere dum filme da Netflix Bird Box. Ainda não tinha ouvido falar, mas depois de pesquisar, apercebi-me que entravam atores como a fofa da Sandra Bullock, a Sarah Paulson e ainda John Malkovich. Podia ter-me cruzado com eles, mas não aconteceu, infelizmente.


Esta semana fui pôr os filmes em dia - já que tive que terminar Gossip Girl - e encontrei esse mesmo. Fui espreitar. Gostava muito de vos dizer que o filme é incrível e super-tudo, mas a verdade é que é só mais do mesmo. Aviso já que este post contem spoilers!




Começamos com Malorie (Sandra Bullock) grávida e sem grande vontade de ser mãe a deparar-se com o apocalipse. Algo está a "consumir" as pessoas e a torná-las suicidas. Depois de ver a sua irmã a atirar-se para a frente de um autocarro, Malorie refugia-se numa casa, juntamente com um grupo bastante heterogéneo - e muito estereotipado, diga-se - de pessoas que também conseguiram escapar. Percebem mais tarde que não podem olhar para o exterior ou serão possuídos também por algo ou alguém - who knows? - e em breve cometerão suicídio. Escusado será dizer que apenas Malorie escapa com vida, certo? Ela, o seu filho, que entretanto nasce, e a filha de uma rapariga que também pertencia ao grupo e que deu à luz ao mesmo tempo que Malorie e que esta lhe prometeu que cuidaria dela se algo lhe acontecesse. Em suma, o filme gira em torno da sobrevivência e da adaptação dos hábitos diários ao novo estilo de vida. Tapar janelas, usar vendas no exterior, aprender a ouvir o que os rodeia... 


O filme decorre ao longo de 5 anos. Começa com Malorie a conversar com as duas crianças - de 4/5 anos - sobre uma aventura perigosa que terão que fazer para conseguirem sobreviver, claro, sem nunca tirarem as vendas. E depois vamos intercalando entre o passado, quando tudo começou e Malorie ainda estava grávida, e o a viagem de 2 dias de barco, às "escuras", sozinha com duas crianças e 3 pássaros numa caixa, para encontrar abrigo numa comunidade que nem tinha a certeza que existiria.




O maior problema deste filme são as pontas soltas que até são interessantes em alguns contextos, mas neste caso, é só desleixado e preguiçoso. Nada é respondido no final do filme: quem ou o quê provoca estes sintomas de loucura? de onde vieram? como podem ser combatidos? essas criaturas não poderiam entrar nas casas? porque é que algumas pessoas são imunes ao suicídio? porque é que também têm o mesmo efeito se forem vistas através das câmaras de vigilância? quem são as pessoas que se cruzaram com Malorie na casa? para onde foi o casal que fugiu? porque é que as duas deram à luz no mesmo momento? porque é que o Gary fazia tanta questão de olhar para os bebés? como é que conseguiram criar 2 crianças saudáveis ao longo de 5 anos se quase nem conseguiram sobreviver a uma visita ao supermercado que ficava a 800 metros? como é que ao longo dos anos ainda tinham água, luz, gás? quem criou a comunidade para onde Malorie foi? porque é que as criaturas não entram ali? porque é que os pássaros reagem daquela forma? reagem assim por causa das criaturas ou por outro motivo?


Como vêem, o que não faltam são perguntas que não foram respondidas. Além desta critica, aponto outra que também já li várias vezes por aí: a similaridade ao A Quiet Place, que já vos falei aqui e que foi dos filmes mais fixes que vi este ano. A premissa é a mesma: neste não é permitido olhar, no outro não é permitido falar/fazer sons.


Mas não me interpretem mal. Eu gostei do filme, apesar de todas estas críticas, especialmente porque a prestação da Sandra Bullock é, como sempre, muito boa e convincente, tal como a fotografia, os cenários, a luz... Além disso, há momentos de tensão e de entretenimento. É um filme de domingo. Se quiserem um a sério, então aconselho o A Quiet Place... Não se vão arrepender ;)



Sem comentários: