No dia da Liberdade pareceu-me apropriado falar-vos sobre este documentário que vi recentemente no National Geographic. Chama-se Free Solo e ganhou o Oscar de Melhor Documentário este ano.
Para começo de conversa, chama-se free solo à escalada solitária, sem corda e sem qualquer utensílio de proteção. Alex Honnold, atualmente com 33 anos, decidiu, a determinada altura da sua vida, que fixe era escalar o El Capitan, uma formação rochosa de granito com 900 metro de altura, que se situa em Yosemite. Feito este que nunca havia sido conseguido com sucesso. Eu ia dizer "podia dar-lhe para pior", mas a verdade é que não me lembro de nada pior do que essa ideia suicida.
O documentário mostra-nos o dia a dia de Alex, um rapaz solitário, introvertido, extremamente disciplinado e com um sentido apurado do ambiente que o rodeia e do seu próprio corpo. É-nos mostrada toda a preparação física e mental a que se sujeitou ao longo de anos para conseguir conquistar o objetivo a que se propôs.
A verdade é que não vos quero contar muito sobre este documentário, até porque o maior spoiler já está em frente a todos: como o Alex está vivo é porque realmente conseguiu concluir com sucesso este objetivo. Mas as coisas não foram lineares e os imprevistos, as dúvidas, os obstáculos aconteceram e estão documentados. A grandiosidade desta obra não está no final épico. Isso é apenas mais uma cena incrível. Está nos detalhes pequeninos, na transformação de Alex ao longo do tempo - as filmagens duraram 2 anos -, enquanto que se preparava para escalar aquela muralha e enquanto tentava baixar a sua própria muralha para deixar entrar Sanni, uma rapariga que conheceu durante este processo e que esteve sempre ao seu lado a apoiá-lo.
Free Solo é uma história de superação, de inspiração e também de liberdade. De desafio dos limites, da vida, do senso comum, apenas porque se acredita tanto que vai dar certo e de que se é capaz, que nem existe outro cenário que não o melhor. Durante todo o tempo de filme estive com calafrios e a transpirar das mãos, como se estivesse ali mesmo, ao lado deles. E isso deve-se a uma produção de excelência, porque conseguiram captar cada pormenor, cada som, cada imagem, cada respiração, sem tornar tudo isto numa grande exploração comercial.
É de realçar que houve dois portugueses envolvidos na produção deste documentário e que o Oscar foi mais do que merecido. Vejam o Free Solo, pessoas. Vejam mesmo! E depois vão perceber porque é que não vos posso contar mais detalhes... Porque vocês precisam mesmo de sentir o que eu senti.
E vocês, têm algum desafio na vida que achem impossível de superar?
Hum... Se calhar não ;)
Free Solo
de Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi
com Alex Honnold
Sem comentários:
Enviar um comentário