quinta-feira, 11 de julho de 2019

Black Mirror


Não sei se já tiveram a oportunidade de ver a nova temporada de Black Mirror. Se ainda não viram, então parem de ler este post aqui, ok? É que vão haver spoilers...

Estive bastante ansiosa por este regresso. Posso afirmar que Black Mirror é das melhores coisas que já vi. Faz todo o meu estilo, faz-me pensar, recear, ficar angustiada e refletir melhor sobre "que raio andamos nós a fazer". Mas também, de vez em quando, dá-nos esperança e uma way out destes imbróglios da nossa vida altamente influenciada pela tecnologia.

Já vi episódios absolutamente fenomenais e que, certamente, não me vou esquecer tão cedo, e já vi outros que são mais solúveis na memória. Porém, esta quinta temporada, que estreou no início de junho, e que tem apenas 3 episódios, não vai ficar registada.

Senti que foi uma travagem brusca na adrenalina que Black Mirror nos habituou. Fez-me questionar muito pouco, não fiquei propriamente angustiada ou a duvidar de determinadas situações.  Não me alertou para nenhuma questão sobre a qual eu nunca tivesse refletido antes. Simplesmente entreteve-me durante duas noites.


Striking Vipers
O primeiro episódio, Striking Vipers, conta com atores conhecidos (Marvel e DC) e retrata uma crise de meia idade que é esbatida num jogo de realidade virtual em que ambos os jogadores, e amigos de longa data, se envolvem romanticamente através dos seus avatars. Aqui podemos questionar o que é a traição, o que é a fidelidade, o que é um casamento sólido, uma amizade longa, a crise de identidade e de que forma é que a introdução da tecnologia (neste caso particular, a realidade virtual através de um vídeo jogo) veio esbater ou redesenhar estas fronteiras. Apesar de não ser um episódio incrível ao nível do conteúdo, os efeitos visuais dos avatars e do universo muito ao estilo de Street Fighter é bem interessante. Ainda assim, tendo em conta as temáticas, este é, talvez, o episódio mais out da temporada... Aquele que eu imagino que poderá mesmo vir a ser uma realidade muito em breve.


Smithereens
Talvez o melhor episódio da temporada. Smithereens é uma das personagens principais desta história e é também uma rede social (semelhante ao Twitter). Todo o guião se baseia na angústia, na dor dilacerante e do poder destrutivo do sentimento de culpa. Conta a história de um homem que viu o seu mundo ruir porque apenas espreitou para o telemóvel, um gesto que nós fazemos inúmeras vezes ao dia, sem medir consequências. A interpretação de todos os atores é espetacular e torna o episódio mais tenso, denso e pesado. É, na verdade, o único que nos faz refletir mais até porque é aquele que mais se relaciona com a nossa realidade neste momento. Há uma das falas de Chris (o protagonista)  que diz que o céu podia ficar roxo que ninguém iria reparar ao longo de dias porque estão todos com os narizes nos ecrãs. Claro que isto é um exagero (é?), mas deixa-nos a pensar...


Rachel, Jack and Ashley Too
Por fim, entra em cena a Miley Cyrus com a sua Ashley O, uma cantora pop absolutamente aprisionada no mundo do marketing, das vendas e do profit. Apesar de ser um episódio meio perturbador porque também é bastante próximo da nossa realidade (o mundo musical) e todos nós sabemos como é que as coisas acontecem (e que aconteceram também com a própria Miley), acaba por se tornar cada vez mais entretenimento e cómico ao longo do tempo do que propriamente assustador e dilacerante, como tinha todo o potencial para o ser. Ainda assim, um bom episódio que aborda algumas questões pertinentes, embora de forma superficial.


E pronto, este é o resumo da nova temporada de Black Mirror. Ao menos consegui voltar à minha vidinha, sem angústias ou reflexões profundas - mas não era isso que eu esperava! Ao contrário desta série, Handmaid's Tale e Chernobyl tiraram-me o sono. Mas isso já é assunto para um outro post :)





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