quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Eco Férias



O ambiente sempre foi um assunto muito importante para mim. Não especificamente o ambiente em si, mas o consumo exagerado e inconsciente, particularmente da água. Desde que li o livro Diário das Minhas Viagens da Angelina Jolie em 2007, tinha eu 14 anos, que me apercebi que a água que eu tinha na torneira não era uma coisa banal. Era um luxo. Já falei sobre isso aqui neste post e não queria repetir-me. Por favor, vão lá ler esse texto também ;)


Devido ao meu trabalho, à responsabilidade que todos nós temos e ao conhecimento que fui absorvendo, estou a transformar-me numa autentica defensora do ambiente. Sem fundamentalismos nem julgamentos, mas sempre atenta e sempre consciente das coisas que me rodeiam. Poderei fazer um post sobre as minhas dicas no dia a dia, pode ser que vos dê novas ideias! E o ideal era criarmos aqui uma partilha de conhecimentos, o que acham? ;)


Mas este não é o meu propósito de hoje. 


Com a chegada do mês de agosto é importante falarmos de férias sustentáveis. 


Sim, porque não basta fazer a reciclagem em casa e depois ir de férias e esquecer todos esses hábitos, certo? O Turismo Sustentável é uma forma de encarar as viagens. Tal como o nome indica, pretende que a pegada ecológica de um viajante seja muito reduzida. Isto é, sempre que viajamos para outros países (ou mesmo dentro do nosso país), é importante compreender o contexto, questionar e, acima de tudo, respeitar e preservar o ecossistema. Eu deixo algumas dicas para ajudar:




DICAS PARA AS COMPRAS

- Levem um saco de pano. Digam não aos sacos de plástico descartável e façam-se sempre acompanhar por um saco de pano (ou de plástico reutilizável) na mochila para todas as eventualidades. Sabiam que um saco de plástico descartável demora mais de 400 anos a decompor-se?

- Levem uma garrafa reutilizável. Optem sempre por encher uma garrafa (preferencialmente reutilizável) do que comprar engarrafada. Há muitos países onde beber água da torneira é seguro e até apresenta mais qualidade (como em Portugal). Mas claro que se forem viajar para a Índia, por exemplo, este comportamento é totalmente desaconselhado. Pesquisem primeiro antes de lá chegarem.

- Comprem artesanato. Toda a gente gosta de levar uma lembrança para casa quando vai de férias, certo? E porque não optar pelo artesanato feito com produtos locais e pelas mãos das pessoas locais? É a lembrança mais genuína e valiosa que podem comprar. E assim estão a preservar a economia e a cultura local. Tenham em atenção para que essas lembranças não sejam feitas com materiais retirados da natureza como corais, chifres de animais e outros exemplos. Se for o caso, não comprem! 




DICAS PARA O ALOJAMENTO

- Digam não às trocas diárias de toalhas e roupas de cama. Independentemente do sítio em que ficarem alojadas, não se esqueçam de referir que não querem que os lençóis e toalhas de banho sejam trocadas diariamente. O impacto que esse hábito tem nas comunidades envolventes é enorme. Há hotéis a consumir mais energia e água num mês do que as comunidades vizinhas durante o ano. Afinal de contas, quantas vezes mudam os lençóis da vossa cama durante a semana?

- Piscinas em zonas desérticas? Huumm... Se escolherem um país onde a água é vista como um bem escasso e precioso (Cabo Verde, por exemplo) e o hotel onde vão ficar alojados tem piscina, então perguntem-se de onde vem aquela água. Provavelmente das reservas das comunidades envolventes. É injusto, não é?  Optem por resorts/alojamentos sem piscina ou com piscina de água salgada.

- Poupem como se estivessem em casa. Não é por não estarmos em casa que podemos deixar luzes ligadas, o ar-condicionado a funcionar mesmo quando não está ninguém ou tomar banhos de imersão. Sabemos que “já está pago”, mas a fatura final é encaminhada para o nosso ambiente, que é partilhado por TODOS nós. Em férias, já sabem, façam como se estivessem em casa.

- Escolham alojamentos centrais. Se escolherem um alojamento muito próximo dos sítios que querem visitar, vão poupar dinheiro no transporte, porque vão conseguir ir a pé para todo o lado. O Planeta também vai beneficiar com esta atitude. 




DICAS PARA AS REFEIÇÕES

- Comam em bares e restaurantes locais. Para além de ficarem a conhecer a gastronomia, vão proporcionar uma ajuda na economia local. Além disso, por norma, sítios menos turísticos são sempre mais acessíveis. Evitem as grandes cadeias de restauração.

- Prefiram produtos da época e regionais. Tal como devem fazer em casa, escolher produtos da época é mais sustentável e saudável. Se os produtos forem regionais, melhor ainda, já que o processo de transporte e distribuição dos mesmos é inexistente ou reduzido. Por exemplo, se estiverem no centro da Europa, a probabilidade de terem um peixe fresco no menu é reduzida e, se houver, sabem que este é congelado e importado. Ao comer produtos locais, vão evitar muitas emissões de gases efeito estufa provocados pela produção e distribuição.




DICAS PARA O TRANSPORTE

- Sempre que possível, prefiram os transportes públicos. Se andar de transporte individual aqui polui, noutra zona qualquer, polui na mesma medida. Optem sempre pelo metro, comboios, autocarros ou tuk-tuks. Veja qual é o transporte mais utilizado pelos locais e repitam o exemplo.

- Andem a pé ou de bicicleta. Se puderem deslocar-se sem recorrer a transportes movidos a energia ou combustível, melhor para o Planeta.

- Privilegiem as empresas locais. Em vez de comprarem a grandes empresas e multinacionais, escolham pequenas lojas para comprar packs de excursões, guias turísticos locais, transportes locais, etc. Vão estar a ajudar a economia local, mais uma vez. Por vezes, poderão não ter a experiência mais luxuosa, mas será uma experiência autêntica.




DICAS PARA O LAZER

- Não vão a atrações com animais em exibição. Esqueçam os jardins zoológicos, shows de golfinhos, circos, as fotografias com aves, macaquinhos, cobras ou passeios de elefante. Claro que, infelizmente, estas atividades já estão muito enraizadas em determinadas culturas, mas é necessário perceber que os animais sofrem de maus-tratos e exploração para conseguirem comportar-se daquela forma tão pouco natural. Não compactuem com estas práticas! Por outro lado, existem os chamados Santuários de Animais, como os de elefantes na Tailândia (Elephant Nature Park), onde se encontram animais que foram resgatados de locais como, por exemplo, os mencionados em cima. Podem conhecê-los num ambiente livre e muito próximo ao seu habitat natural. Há também a possibilidade de fazer voluntariado por 7 dias. Outra opção são os safaris em que os turistas usam jipes protegidos por uma espécie de jaulas e visitam os locais onde estão os animais selvagens, sem perturbar as suas dinâmicas nem alterar o ecossistema.

- Preservem o património natural. Se fizerem trails ou caminhadas, não se desviem dos caminhos que já existem. Assim vão proteger o ecossistema e ajudar no crescimento da vegetação local.

- Atenção ao que levam e ao que trazem. Há a típica frase “não tire mais do que fotografias e não deixe mais do que pegadas”. Claro que é tentador levar alguma recordação do sítio onde estiveram a passar férias, como conchas, pedras ou areia, mas já pensaram o que seria se toda a gente o fizesse? Esse comportamento não é sustentável e, por isso, levem só fotografias convosco. Por outro lado, não deixem mais do que aquilo que não podem evitar. Não deixem lixo, não danifiquem o património cultural ou natural. Respeitem o local que estão a visitar!

- Valorizem a cultura local. Conheçam as suas tradições, costumes e respeitem as diferenças. Não julguem nem critiquem se alguém agir de forma diferente da vossa. Afinal, estão numa cidade/país que não é o vosso, aprendam com isso!




DICAS PARA OS COMPORTAMENTOS

- Viajem em épocas baixas. Esta medida é boa para todos. Vão conseguir pagar muito menos pela mesma experiência e vão promover a economia local durante todo o ano, e não apenas nas épocas altas.

- Não imprimam bilhetes. Parece um detalhe insignificante, mas já pensaram se toda a gente passasse a mostrar o ingresso digitalmente (no telemóvel) em vez de o imprimir?

- Não deixem um rasto de lixo. Há países que têm graves problemas com a gestão e tratamento dos resíduos. Se visitarem um país desses, evitem ao máximo fazer lixo e quando o fizerem, se possível, guardem-no convosco até se poderem desfazer dele em zonas mais propícias.

- Paguem o preço justo. Percebam quanto é que vale o trabalho dos locais (artesãos, taxistas, etc.) e não tentem reduzir o preço dos mesmos.


- Não ofereçam dinheiro às crianças. Apesar de partir o coração vê-las a pedir dinheiro, estamos a prejudicar mais do que a ajudar, se contribuirmos com uma esmola. As crianças são retiradas da escola para se dedicarem a pedir dinheiro nas ruas e quanto mais lucro obtiverem, menor a possibilidade de voltarem a estudar e de terem uma vida de uma criança normal.


São pequenos passos que nos tornam cidadãos melhores e mais conscientes. Claro que ainda não faço algumas destas coisas e que muitas delas não fazia porque nunca tinha refletido sobre elas. Espero que este post vos tenha alertado para algumas situações e que promovam novos hábitos! Não há desculpas! A proteção do ambiente nunca pode tirar férias!

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