segunda-feira, 4 de março de 2019

Ao Conan



Ao Conan Osiris só tenho a agradecer.


Agradecer por ter trazido a diferença, a originalidade, a tentativa bem sucedida de nos alargar a mente. O Conan é muito especial porque é tão ele que não é parecido a nada nem a ninguém. É ele próprio. E essa individualidade é demasiado valiosa para ser desperdiçada. Mas isso nem sempre é compreendido. Aliás, conheço pouca gente que goste dele ou aprecie a sua música. 


Normalmente começam a conversa a dizer que ele é "muito estranho" ou que o bailarino dele "parece que está a ter um ataque", que a música "não se entende", que "não sabe cantar", que ninguém percebe o que é que ele veste ou os acessórios que usa. 




E eu pergunto "e então?"

Somos mesmo tuguinhas. Passo a vida a ouvir que as músicas que concorrem ao Festival da Canção parecem todas iguais, que ninguém se destaca e que não é com aquelas músicas melodramáticas que poderemos vencer na Eurovisão, mas depois vem um Conan que abala todas as regras que nós conhecíamos e já estamos a apontar o dedo porque é "demasiado diferente", "demasiado estranho". E a história tem-se encarregue de nos mostrar que não vale a pena cuspir para o ar. Lembram-se do Salvador Sobral? Quantas críticas houve de que ele era "esquisito"? Quantas? Quantas pessoas lhe apontaram o dedo a dizer que ele nunca teria hipóteses de vencer a Eurovisão? Pois... Nós gostamos é de criticar. Ponto. Fosse quem fosse o escolhido iria receber queixas e comentários desagradáveis. O Conan recebe a dobrar, porque tem aquela atitude de quem se está a cagar para o que todos nós pensamos.




Eu adoro o Conan. Adoro as músicas, as letras, as roupas, a interpretação, o João, o bailarino, aquela mistura de sons e culturas que o identificamporque ele não é só uma coisa, tal como eu. Tal como todos deveríamos ser... Porque ser só uma coisa, todos os dias, todo o dia, deve ser um aborrecimento do catano. E devem ser essas pessoas aborrecidas consigo e com a vida, tão beges, tão boring, que não conseguem ver a variedade do Conan, que o criticam de forma tão dura.


Eu compreendo que não apreciem a música. Claro que não é algo fácil de gostar porque não se ouve todos os dias. Os nossos ouvidos não estão habituados a esta estranheza. E aceito - como é óbvio - que me digam que não gostam do Conan. Mas, por favor, não o digam sem antes irem conhecer um pouco do que ele é, do que ele canta e do que ele quer dizer ao mundo. Não risquem da lista só porque o bailarino dança de forma "estranha" ou porque as músicas dele falam sobre bolos, borregos e celulite. Vejam para além disso. Muito além. E depois decidam.




Ao Conan só tenho que agradecer por me mostrar que a música pode ser e ter tanto e que nós, portugueses, temos espaço e queremos marcar pela diferença. Mas uma diferença boa, no bom sentido, uma diferença inclusiva, sem preconceitos e sem julgamentos.


Estou feliz pelo Conan nos representar e adorava voltar a vê-lo ao vivo.


Deixo-vos um dos meus excertos preferidos da música "Adoro Bolos"

Pai com pai
Pai com mãe
Mãe com mãe
Que é que interessa?
O que interessa é dar amor,
Banhinho e não comer à pressa
Nas feridas um beijinho, água fria, uma compressa
Ensinar que o mundo não cessa
Só porque a Tessa abraça a Vanessa



Para lerem as minhas primeiras palavras sobre o Conan aqui no blog, vão a este post.
E eu avisei-vos que ele era muito bom e se vocês não foram a ele, como eu aconselhei, ele chegou até todos.





Sem comentários: