quarta-feira, 24 de outubro de 2018

The Haunting of Hill House



Podem ler este post à vontade. Não vou dar spoilers
Não pretendo fazer uma crítica à série mas aconselhar-vos a ver ;)


A semana passada comecei e acabei uma série incrível. Provavelmente já ouviram falar da nova série de terror da Netflix: The Haunting of Hill House. A primeira temporada tem 10 episódios com mais ou menos 1 hora cada e não sei se haverá continuação, mas pela forma que terminou, penso que não há motivos para isso.


A série está IN-CRÍ-VEL!


E sim, é de terror. Mesmo terror. Daquele terror psicológico que te deixa a pensar no "E se...". Eu sempre vi filmes de terror e eles nunca me afetaram particularmente, à exceção de um, o primeiro. Depois do grandessíssimo susto e de um mês (pelo menos) de pânico, medo de tudo e pesadelos constantes, acho que fiquei imune aos filmes de terror. Acho-os sempre previsíveis e básicos, sem grande história por trás e com poucos elementos que me fazem identificar com as personagens ou com o contexto. Por isso é que posso estar em casa sozinha a ver um filme destes ou até mesmo ir ao cinema... Não perco o sono nem morro de medo.


Mas isso não aconteceu com Hill House... 


A história conta dois tempos, o passado e o presente. Começamos por conhecer a família Craine: a mãe Olivia (Liv), o pai Hugh e os seus cinco filhos: Steven, Shirley, Theodora (Theo) e os gémeos Nell e Luke. Liv é arquiteta e Hugh é construtor e ambos tinham a missão de, naquele verão, reconstruir Hill House para posteriormente a vender a bom preço e com o dinheiro, construir a "casa permanente", para a família. Para os ajudar estão lá os estranhos Mr. e Mrs. Dudley que cresceram e viveram sempre próximos de Hill House mas que não se aproximam da mansão durante a noite.


(Theo, Steven, Nell, Luke e Shirley no presente. Atrás, Hill House)


As cinco crianças começam a ter comportamentos estranhos e a ver monstros durante a noite ao que os pais atribuíram, naturalmente, a pesadelos e imaginação fértil. Mas tudo muda quando os próprios pais começam a vê-los também.


A série foca-se no passado, quando os irmãos pequenotes habitaram Hill House com os seus pais e o presente, com as vidas construídas e com os traumas bem visíveis. Em cada episódio conseguimos conhecer melhor as várias personagens e vão sendo dadas algumas pistas sobre o que se passou em Hill House naquela fatídica noite.


(Shirley no passado em Hill House)


Os estranhos vizinhos avisam que a casa devora as pessoas que habitam nela, que é um monstro e que ninguém estará seguro enquanto habitarem lá. Mas claro, nunca ninguém ligou aos avisos. Associavam os barulhos aos canos ou às janelas velhas... Na verdade é que não era nada disso que fazia barulhos durante a noite e a resposta estava por detrás da estranha porta vermelha que não abria.


(Nell e Shirley no passado em Hill House)


A série está mesmo muito bem feita principalmente porque todos os sustos - assustadores! - são imprevisíveis. O equilíbrio entre o susto, o pânico e o suspense é tão bem feito que eu dou por mim a suster a respiração várias vezes ao longo de um um episódio só. Não são sustos à filme de terror, que acontecem quando estamos a contar mas damos aquele salto da cadeira. Não são cenas aterradoras, demoradas, como se estivessem a pressionar uma ferida e nós ficamos naquele pânico prolongado em que queremos tapar os olhos mas não nos conseguimos mexer. E depois tudo acalma e volta ao "normal" para voltarmos a descer ao pico do terror. Mas é um terror suportável, quase como se estivéssemos a ser estimulados a enfrentar os nossos medos ali, por isso, ao longo dos episódios vamos aprendendo a lidar com isso, a compreender, a conhecer e, no final, já compreendemos, tal como os irmãos, o que se passa naquela casa.


Hill House mexe com os nossos medos profundos, da infância. O medo do escuro, de ficarmos sozinhos, o medo da morte, o medo da ausência, o medo do desconhecido, o medo das emoções e o medo da nossa própria mente. É por isso que nos conseguimos ligar imediatamente com as personagens e com a história.


(Liv no passado em Hill House)


Esta série deu-me mesmo arrepios, fez-me ter pesadelos na primeira noite - apesar de não me lembrar do sonho - e fez-me pensar. O que não é mau. Um filme que nos faz pensar é um filme que vale mesmo a pena ver e guardar no coração. O mesmo acontece com uma série. Tão cedo não me vou esquecer de Hill House nem dos irmãos nem da mensagem bonita que a série tem.


(Hugh, Theo, Shirley, Steven e Luke no presente)


Não quero fazer spoilers, por isso é que não contei nada nem mostrei imagens reveladoras, quero que vejam. E vejam mesmo com medo, mesmo que não apreciem filmes de terror. Vejam. Vale a pena. Prometem? É que ainda por cima o elenco é maravilhoso, os cenários são lindíssimos e a história é tão bem contada que vos vai apetecer devorar os 10 episódios de uma só vez, acreditem... Mesmo com medo ;)


(Hill House)


The Hauting of Hill House
(2018)
de Mike Flanagan
com Carla Gugino, Michiel Huisman, Victoria Pedretti, Oliver Jackson-Cohe, Elizabeth Reaser, Kate Siegel, Timothy Hutton



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