quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Começar pelo início


Viagens. Talvez o meu tema favorito de todos.
Gosto de ler, de saber, de conhecer, de pesquisar, de marcar, de planear... E ainda assim gosto de ir meio ao desconhecido, meio de olhos fechados e deixar-me envolver no frenesim do destino escolhido.


Tenho sorte. Este ano consegui conhecer 4 capitais europeias, algo que nem sequer imaginava que pudesse acontecer, especialmente tendo em conta a forma de como metade do meu 2018 correu. Mas cá estou eu a partilhar convosco a minha última viagem do ano. Planeio dividir isto em quatro posts, para não os tornar demasiado extensos e para que vocês consigam ler apenas aquilo que vos interessa sem se aborrecerem. Por isso, cá vai a ordem da divisão: neste post vou falar um pouquinho de tudo, como marquei, como decidi o roteiro, como organizei o tempo entre as diferentes cidades, transportes que utilizei... Bom, mais a parte logística. Depois vou falar individualmente de cada um dos destinos pela ordem da visita: Berlim, Praga e Viena. Vou falar sobre a zona onde fiquei alojada, o que comi, o que visitei, custos, a minha perspetiva sobre a cidade (segurança, organização, limpeza, etc.), o que mais gostei, o que menos gostei e ainda o que faltou fazer.


Estou a esquecer-me de alguma coisa?
Se sim, digam-me!


A viagem começou a ser pensada no início deste ano e desde aí sofreu mil e uma alterações, entre as quais, o destino - que começou na Ásia, passou para África, terminando na Europa mas num registo diferente do que acabou por se tornar. Começamos com 3 elementos, aumentamos para 4 e terminamos com 2. Era para ser feita na última semana de outubro, mas acabou por ser arrastada por mais um mês. Mudar de ideias é normal, faz parte! Bem como a vida das pessoas e a disponibilidade... Portanto, primeiro conselho: não se aborreçam se as coisas não correm bem como vocês querem ou planearam... Vão encontrando alternativas e mantenham a vossa mentalidade aberta.




O Destino
Como disse, o destino não era para ser este que acabamos por fazer. Primeiro pensamos em Malásia, depois Marrocos, ponderamos Itália, Londres, Paris e ainda outros países/cidades. O que nos levou a não escolher estes destinos? O primeiro era por uma questão de tempo: não vale a pena mudar de continente por apenas 7 dias, sabendo à partida que pelo menos 2 dias são perdidos na viagem. Ou seja, se quiserem visitar um destino mais longínquo e que implique muitas horas de viagem, o ideal é reservar uns 12 ou 15 dias. Os outros era mesmo por uma questão dos preços dos voos que não se justificavam. Então, durante as pesquisas por voos baratos, encontramos Berlim. Bom preço, a partir do Porto, na data que queríamos ir. Perfeito! Depois começamos a estudar hipóteses: não queríamos estar 7 dias na mesma cidade - que tédio! Chegamos à combinação perfeita de Berlim (Alemanha), Praga (República Checa) e Viena (Áustria). Podíamos ter escolhido outras cidades dentro de apenas um país, por exemplo, podíamos ter escolhido cidades que não fossem capitais, mas optamos assim, por correr 3 capitais em 7 dias.

Conselhos:
- Se optarem por este tipo de viagem, preparem-se para andar MUITO. Preparem-se para descansar pouco e para absorver tudo muito rapidamente. Se acharem que não se sentem confiantes com esta dinâmica, escolham apenas 1 cidade e explorem-na bem.




Os Transportes
Coordenar esta parte nem sempre é fácil, é um facto. Arranjamos um voo barato para Berlim. Depois fomos pesquisar formas de viajar entre os países e descobrimos que as viagens em transportes públicos são bem acessíveis, mas os preços mudam com MUITA rapidez (passam de 9€ a 40€ num instante). Optamos pelo autocarro de Berlim até Praga e pelo comboio de Praga para Viena. A grande vantagem: preços muito acessíveis. A grande desvantagem: o tempo que demora (4 a 5 horas de viagem). Mas os transportes têm muita qualidade, são confortáveis, quentinhos, dá para dormir, têm wi-fi gratuito... São uma excelente opção para quem quer saltitar de cidade em cidade. No regresso, encontramos outro voo escandalosamente barato, mas para Faro. Daí partimos para o Porto. O grande problema? Chegávamos a Faro às 8h da manhã e só partíamos às 20h. Uma grande seca, especialmente porque estávamos cansadas por já termos passado a noite no aeroporto de Viena. Mas valeu a pena pelo preço dos bilhetes.


Conselhos:
- Se tiverem a liberdade de meter férias quando quiserem, testem escolher várias datas no site da companhia aérea. Por vezes a diferença de preço de um dia para o outro é abismal e convém mesmo perder um pouco de tempo a testar possibilidades. Deixem o plano em aberto e sejam recetivas ao que vier. Será sempre bom!
- Optem pelos transportes públicos. Por norma, são mais baratos, mais seguros e com horários fixos. Deixem os táxis e ubers para emergências ou para situações onde não existem mais opções. Especialmente nas principais capitais europeias, os metros e autocarros funcionam mesmo muito bem e os custos são reduzidos. Em Viena, por exemplo, paguei 2€ e qualquer coisa para usar durante 24 horas aquela linha, a principal e a única que precisamos, à exceção de quando fomos para o aeroporto, que era numa linha diferente.
- Pesquisem sempre os comboios e autocarros para viajar de um país para o outro, especialmente quando as cidades são próximas. Normalmente compensa e bem o preço.




Os Alojamentos
Reforço que os alojamentos devem ser reservados com antecedência, o que não voltou a acontecer e pagamos, literalmente, a conta. Como reservamos tudo na semana antes da viagem, grande parte dos alojamentos já estavam esgotados e os que sobravam ou eram afastados do centro, ou caros ou tinham características que me faziam torcer o nariz. Características como: partilhar quarto com desconhecidos (homens e mulheres), partilhar casas de banho e sítios menos bonitos. Entre todas estas características, tivemos muita sorte, tenho a dizer. Optamos por hosteis nas duas primeiras cidades, onde na primeira partilhamos quarto com mais 2 pessoas e na segunda cidade partilhamos apenas a casa de banho, o quarto era privativo. Em Viena ficamos num hotel mas partilhamos o WC. Ou seja, tínhamos duche e lavatório no quarto, mas a sanita era partilhada pelo piso... Podem-se rir, que eu também me ri! Este foi o mais caro de todos e não compensou, de todo, o valor. Mas, tal como eu disse, devido às nossas reservas tardias, foi o melhor que se arranjou. Quanto aos outros hostels, nada a apontar. O de Berlim era incrível, super jovem, limpinho, giro e cheio de pinta (muito instagramável). O de Praga era mais simples, mais checo. O quarto cheirava a cigarro que tresandava, mas tirando isso, nada a apontar. Tivemos direito a pequeno-almoço, as casas de banho eram modernas e limpas, o quarto tinha o essencial e o edifício era lindíssimo, antigo e cheio de história. A localização era perfeita.

Conselhos:
- Escolham os alojamentos com o máximo de antecedência possível. Não se vão arrepender.
- Antes de reservar, pesquisem as zonas centrais e tentem reservar sempre por esses lados. Eu sei que fica mais caro, por norma, mas vão poupar tempo e dinheiro em transportes... Na maioria dos casos, compensa.
- Não tenham receio de partilhar quarto com estranhos. Na verdade é uma forma de pouparem imenso dinheiro (o preço da cama é muuuuuito mais baixo do que o preço de um quarto, como é lógico). Optem por camaratas de 4 pessoas, por exemplo. Por norma não há problemas, é uma forma de conhecerem pessoal (nós não conhecemos porque só lá íamos dormir e só ficamos 2 noites em cada sítio). E acima de tudo, respeitem o outro. Só isso.




O Roteiro
Visitar 3 cidades em 3 países diferentes em apenas 7 dias não é fácil e implica abdicar de algumas coisas como o descanso, o sono e fazer escolhas. Depois de definirmos as cidades, sossegamos um pouco. Quando dei por mim, já era véspera de partirmos e nós ainda sem roteiro definido. Como íamos ficar tão pouco tempo em cada cidade, não dava para divagar e os dias tinham que ser muito bem aproveitadinhos. Já tinha apontado os principais pontos turísticos de cada destino, mas sabia bem que era impossível conseguirmos ver tudo e, por isso, há que fazer opções. Tracei uma rota de pontos mais interessantes para nós no Google Maps, medi distâncias, calculei tempos e pareceu-me possível. E foi! Não fomos super rigorosas com nada, na verdade íamos em passeio e mudamos de ideias várias vezes, acrescentamos experiências e retiramos outras. Por exemplo, em Praga, preferimos andar de barco do que subir ao Monte Petrin.

Conselhos:
- Levem a lição estudada de casa e façam um rascunho daquilo que gostavam mesmo de ver, mas não se agarrem demasiado a essa ideia. Sejam flexíveis e vão fazendo aquilo que vos apetecer no momento.
- Prefiram experiências a visitas. Sabem aquela ideia de ir riscando todos os "edifícios e monumentos a não perder"? Bom, isso é giro se realmente for a vossa praia. Eu gostaria muito de ter ido a todos os museus possíveis e imaginários daqueles países - muita arte da escola flamenga para ver, meus senhores! - mas tendo em conta o tempo e o facto de não estar sozinha, fez com que isso ficasse para segundo plano. E não me arrependo absolutamente nada. Preferimos experiências como andar de barco, patinar no gelo, comer a comida típica, beber uma cerveja em frente ao Relógio Astronómico, percorrer lojas, visitar mercados de natal... Do que propriamente entrar nos museus e visitar todos os monumentos possíveis e imaginários que não nos dariam grandes recordações. É encontrar um equilíbrio entre ambas as coisas ;)




A Língua e outros "Problemas"
Em Berlim fala-se alemão, em Praga, checo e em Viena, austríaco. Mas o alemão é mais comum entre estas cidades e o inglês vem várias vezes em segundo ou terceiro plano. Aliás, em Viena tivemos bastante dificuldade em compreender placas, menus em restaurantes e avisos, já que estava tudo em austríaco/alemão. O que fazer nestas situações? Ter sempre o Google Tradutor à mão e, para quem tiver queda para as línguas, ir memorizando como se escrevem e dizem algumas palavras. Nós decoramos rapidamente palavras como praça, rua, aeroporto, entrada, saída, nomes da comida, por favor, obrigada,... Etc. É uma ótima forma de irmos compreendendo a língua. A minha vontade de aprender alemão aumentou a 200%! Não se preocupem com isso, vocês vão ficar habituados a tudo. Quanto a saber para onde ir, nada é melhor que o Google Maps. Dá as indicações direitinhas, diz-nos os horários dos transportes, a estimativa do tempo que demoramos... Não há melhor. Em todo o caso, aconselho sempre a andarem com um mapa da cidade e do metro no bolso, porque nunca se sabe e as tecnologias são incríveis até nos falharem!

Conselhos:
- Não paniquem. Conseguem dar conta do recado mesmo sem serem super especialistas em inglês e muito menos em alemão. Eu penso sempre no seguinte: os nossos emigrantes foram para o estrangeiro, alguns quase sem escolaridade, e conseguiram safar-se bem. Eu também consigo! Se do outro lado não falarem inglês com vocês, não há problema nenhum, todos nós falamos a língua universal, que é a língua dos gestos. Apontem, mostrem imagens do que pretendem... Com boa vontade toda a gente se entende!
- Andem sempre com o mapa no bolso e estudem os percursos. Pesquisem antecipadamente quais são as zonas centrais e as zonas a evitar, se existirem.




A Comida e os Costumes
Já sabemos - se não sabem, deviam saber - que não há melhor comida que a nossa. É um facto. Mas às vezes precisamos de sair daqui para o perceber. O importante é que experimentem. Sem medos, experimentem! Vão a restaurantes típicos, comam a comida regional. Evitem os McDonalds e as outras cadeias de fast food. Conhecer um país também é conhecer a sua gastronomia. Mais importante de tudo, respeitem. Respeitem muito a cultura do sítio que estão a visitar. Se não gostarem da comida, fechem o prato e, se vos perguntarem, não digam que não gostam, digam antes que estão satisfeitos. Não há nada mais feito e triste do que percebermos que os outros não estão a respeitar aquilo que nós temos para oferecer e, por isso, não devemos de fazer o mesmo no estrangeiro. Se querem estar noutro país a fazer, a comer e a ver o mesmo que em Portugal, então não saiam daqui, certo? Sejam humildes, experimentem e keep an open mind! Caso contrário, não faz sentido viajar!




A Mala
Se forem na altura do inverno preparem-se para frio de verdade. Frio como eu nunca senti. Depende de qual for a vossa opção de bagagem. Eu escolhi viajar com o mínimo possível e de mochila às costas porque é mais fácil para me movimentar, para entrar e sair dos transportes... Mas este método também tem desvantagens, como tudo na vida. Levamos o peso todo às costas e a certa altura começam as dores e não cabe tanta roupa como numa mala. Mas para este estilo de viagem, é o método que eu aconselho. Como não podia levar muita roupa, escolhi o casaco mais quente que tinha em casa (e impermeável também) e enchi a mochila com camisolas grossas. Levei umas botas quentes (e rasas, claro), umas sapatilhas e uns chinelos de dedo (para tomar banho). Gorro, luvas e cachecóis são peças OBRIGATÓRIAS. Meias quentes também. Em Viena tive que usar uns collants grossos debaixo das calças de ganga para aguentar o frio.

Conselhos:
- Apostem de verdade nas peças mais quentes que tiverem. Escolham camisolas e calças. Um casaco quente é suficiente para 7 dias. O calçado deve ser o mais confortável que tiverem. Lembrem-se: nestas viagens anda-se muito quilómetro...


Não sei se me estou a esquecer de alguma coisa, mas isto é um resumo de tudo o que precisam de saber para começarem a preparar a vossa viagem. Prometo os posts sobre os destinos mais tarde ;)



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