terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Oscars 2020



Foi dos anos que mais me custou ver os Oscars porque estava mesmo muito cansada (com umas 3 horas de sono), mas também mantive-me firme até às 4h30 da manhã porque precisava mesmo de saber quem ia ser consagrado o Melhor Filme. Vamos lá então ao resumo da madrugada!




Fiz as minhas previsões na semana anterior e, mesmo sem ter visto alguns dos filmes nomeados (e não me refiro só à categoria do melhor filme, claro), penso que já tinha visto uma amostra considerável que me iria permitir ter uma visão clara dos vencedores da noite. Acertei em 10 categorias e em 2 troquei-lhes os vencedores: achei que o 1917 venceria o Oscar de Melhor Edição de Som e afinal foi Ford Vs Ferrari; por sua vez, apostei neste último para vencer o Oscar de Melhor Mistura de Som e ganhou 1917. Não foi uma aposta certeira em ambas as categorias, mas falhei por pouquíssimo. Quanto ao Oscar principal da noite, acreditava que seria 1917 a levar a estátua para casa, não que já o tivesse visto, mas por causa de todo o hype e por tudo o que me foram descrevendo sobre o filme (que é uma obra de arte técnica). Mas dentro de mim, estava a torcer por Parasitas, apesar de achar que era impossível ganhar, especialmente depois de Bong Joon Hu ter ganho a melhor realização. E esta foi a minha grande surpresa da noite. Não por achar que não tem competência para vencer (tem, senhores, tem toda a competência!), mas porque achava que a Academia não iria ter coragem para entregar a estatueta mais importante a um grupo de sul coreanos que rompeu totalmente com o estilo Hollywood com o seu ParasitasFiquei genuinamente feliz e senti que a Academia me estava a compensar por não ter dado o Oscar ao Call Me By Your Name há uns 2 anos - ainda guardo ressentimento, que fazer? Além disso, considero-o um filme genial, como já fui escrevendo aqui no blog e no instagram. Talvez esta visibilidade permita que mais gente sinta curiosidade e alargue os seus horizontes cinematográficos e possa sair desta bolha americana de filmes de Hollywood.




A vitória de Joaquin Phoenix e Brad Pitt, como Melhor Ator e Melhor Ator Secundário, respetivamente, é mais do que merecida e estava praticamente garantida. Foi uma pena o Adam Driver ter concorrido no mesmo ano de Joker. Ele fez um trabalho brilhante em Marriage Story e merecia mais reconhecimento. Renée Zellweger e Laura Dern levaram as estatuetas de Melhor Atriz e Melhor Atriz Secundária. Não me posso pronunciar sobre a primeira porque ainda não vi o filme. Aliás, nesta categoria foi um desastre já que apenas vi 2 filmes: Bombshell (Charlize Theron) e Marriage Story (Scarlett Johansson), e tenho a dizer que por ter gostado tanto do último filme, gostava muito que a estatueta fosse recambiada para as mãozinhas da Scarlett. O mesmo poderia dizer sobre a sua prestação em Jojo Rabbit em que adorei a sua personagem e todo o conceito que estava incutido nela, mas a Laura Dern mereceu o reconhecimento.




Sobre os Argumentos Original e Adaptado, tenho a dizer que não foi uma surpresa ver o prémio ser entregue a Parasitas, porque se há argumento original, é este (um trocadilho que é bem verdade). A surpresa veio no argumento adaptado, entregue a Jojo Rabbit. Gostei de ver, sim senhora, é uma excelente categoria para se vencer e o filme tem uma premissa extraordinária (apesar de alguns detalhes que vão falhando). Mas confesso que aqui estava a torcer por Mulherzinhas da Greta Gerwig.




Sem surpresas nenhumas, Toy Story 4 ganhou o Oscar de Melhor Filme de Animação, Hair Love de Melhor Curta de Animação e Parasitas o Melhor Filme Estrangeiro. A banda sonora também não enganou e acabou nas mãos da querida Hildur Guðnadóttir - que foi uma agradável surpresa perceber que é uma mulher! - e que criou a banda sonora de Joker. Claro que Rocketman tinha que ter um galardão - não que concorde, mas tinha que ser... o Sir Elton John não saía dali de mãos a abanar, não é? - e por isso entregaram-lhe o prémio de melhor canção com (I'm Gonna) Love Me Again. Gostava muito que tivesse sido a música Stand Up do filme Harriet a vencer.




Quanto aos documentários, apenas vi Democracia em Vertigem e fiquei maravilhada com a qualidade da informação e a clareza dos dados demonstrados. Mas quem levou o Oscar para casa foi American Factory. Estou com mesmo muita curiosidade de ver Honeyland, que uma amiga me recomendou por retratar a Macedónia (um país que gostaria de conhecer) e depois de ver o trailer, gostava de ter a coragem de ver The Cave. Foi Learning to Skateboard in a War Zone (If You're a Girl) que venceu o prémio de Melhor Curta Documental. The Neighbor's Window levou o Oscar de Melhor Curta Metragem.




Falando agora das categorias mais técnicas, obviamente que 1917 ia levar para casa o prémio de Melhor Cinematografia, mas foi com algum espanto que o vi a vencer o de Melhores Efeitos Especiais (estava a apostar as minhas fichas no Rei Leão... ou até mesmo em Avengers: Endgame). Bombshell e Mulherzinhas venceram nas categorias de Melhor Caracterização e Melhor Guarda Roupa, respetivamente. Foram os únicos Oscars que levaram para casa e foram merecidos! Ford Vs. Ferrari ganhou a Melhor Edição e, por fim, Era uma vez em... Hollywood recebeu o segundo Oscar na categoria de Melhor Produção.

O claro vencedor da noite foi Parasitas com um total de 4 Oscars arrecadados, sendo todos em categorias ditas principais! Well done! A seguir, com 3 prémios ficou 1917 e com 2 Oscars cada, Joker, Ford Vs. Ferrari e Era uma vez em... Hollywood.




A cerimónia teve alguns momentos altos da noite. Começou bem, com uma apresentação da gira e talentosa Janelle Monaé que cantou Come Alive e fez algumas alterações à letra original. A atuação da Idina Menzel (ou Elsa do Frozen) em Into the Unknown foi das mais bonitas, porque juntou as diferentes Elsas de vários países que fazem a dobragem de Frozen. Cantam todas a mesma música, cada uma na sua própria língua. Foi um momento lindo de interculturalidade muito bem conseguido. Depois houve a belíssima atuação da Cynthia Erivo com a música nomeada Stand Up de Harriet. A Billie Eilish esteve bem na sua interpretação de Yesterday dos Beatles durante o In Memoriam.




Quanto aos discursos, gostei muito do da Laura Dern, do Brad Pitt e da Hildur Guðnadóttir. O do Joaquin Phoenix foi comovente, mas dramático. O homem não sorri uma única vez, o que é pena... Houve outros discursos bonitos e todos bastante rápidos, à exceção da Renée. Gostei imenso daquele acting entre a Maya Rudolph e a Kristen Wiig para a apresentação de algumas categorias ligadas à caracterização. Foi um diálogo esperto e bem conseguido!




Sobre coisas que desgostei da cerimónia: os longos e constantes intervalos - quase que desisti ali já a meio - e a atuação do Eminem. Eu sou fã dele desde que me lembro de gostar de música, mas ontem não senti que aquele fosse o local, o momento nem o público certo. Pareceu-me que se deram alguns problemas técnicos e o próprio Eminem aparenta estar embaixo de forma e a apresentação da mítica Lose Yourself ficou muito abaixo das suas competências. O que também estava muito "abaixo" eram as suas calças... Juro! Estive toda a atuação preocupadíssima com isso. E aquela barriguinha de 6 meses também é desnecessária.


No geral, não posso dizer que a cerimónia dos Oscars é algo de maravilhoso. Não é. É uma seca na maioria das vezes, mas o que importa é que continue a existir e que esta homenagem aos filmes e aos artistas continue a ser feita sempre com orgulho, rigor e respeito pela arte e pela vontade de contar histórias.





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