sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Leave No Trace


Leave No Trace é um filme profundo, mas calmo, sobre a dificuldade de nos integrarmos, de ultrapassarmos traumas e de estabelecermos barreiras entre o amor incondicional e o egoísmo.


É uma história contada de forma inteligente, sem floreados ou rodeios, sem romantizar nada nem ninguém. Um guião de falas escassas, apenas as necessárias. E não precisamos mesmo de mais. Conseguimos perceber tudo pela profundidade das personagens e dos seus modos. A banda sonora é muito, muito discreta, para não dizer quase inexistente. Na verdade, tudo o que é secundário é perfeitamente dispensado, e por isso, não precisa de existir em demasia ou de todo. Tal como acreditam os protagonistas.


No fim do filme ficamos "só com o essencial", um sentimento de compreensão por um pai que tenta fazer o melhor que pode e que sabe, mas não consegue parar de fugir dos seus medos, e uma filha que gostava de ter um local, por mais simples que fosse, para chamar casa.


A jornada de ambos acaba por se ir separando, com o tempo, porque ambos precisam de coisas diferentes, mas nunca duvidaram do quanto precisam um do outro. E, por vezes, a melhor forma de amar, cuidar e respeitar o outro, é deixá-lo ir.


Dentro do género, continuo a preferir sempre o meu eterno Capitão Fantástico, mas este Leave No Trace, merece mesmo ser visto! Com interpretações belíssimas de ambos os atores, com cenas repletas de momentos de grande profundidade, dúvida e tristeza.


Um filme aparentemente simples, onde não existem dramas intensos, tiros, violência, cenas desconfortáveis, mas cheio de pormenores profundos, inteligentes e heartbreakers.


Sem julgamentos. Apenas compaixão.


Leave No Trace
(2018)
de Debra Granik
com Ben Foster e Thomasin McKenzie



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