terça-feira, 8 de outubro de 2019

I want YOU... to VOTE!



Ponderei muito sobre se devia ou não escrever este post sobre as Eleições Legislativas, mas acho que este blog deve tornar-se cada vez mais um veículo de mensagem sociais em que eu acredito - e que vocês se podem identificar ou não - e não apenas falar de assuntos que eu adoro (moda, cinema, decoração), mas que não influenciam ou esclarecem de forma significativa os outros. Acho mesmo que aqui pode caber um pouquinho de tudo. Este blog não tem expressividade nenhuma, não chega às massas e também não influencia ninguém, mas eu acredito que se houver uma pessoa a ler estes textos pode, pelo menos, refletir.


E refletir sobre uma situação é o que eu espero do outro e de mim própria.


Portanto, aqui estou eu a falar de política, assunto sobre o qual eu não domino, nunca dominei e não me interesso particularmente. Mas tenho estado cada vez mais atenta ao que se vai passando e nestas eleições estive, honestamente, muito indecisa. Primeiro porque havia 21 partidos! 21! Eu não consegui ler os manifestos de todos eles. Cheguei a sábado e decidi que tinha que optar por aqueles em que eu estava inclinada a votar e assim foi - sim, porque eu não tenho partido, da mesma forma que não tenho religião ou outras crenças fixas! Tomei a minha decisão em consciência. Conheço o partido em que votei, as ideias que defende,... Não posso dizer que concordo com TUDO, mas com a maioria.


Este ano existiram trabalhos verdadeiramente notáveis na área do jornalismo para descomplicar este assunto e para que o eleitorado se sentisse mais informado e capaz de decidir. O Público e a Renascença são exemplos excelentes dos meios de comunicação social que são ainda o que nos salvam neste meio de jornalismo de sarjeta. Ao mesmo tempo, criou-se a plataforma Política para Todos, do qual me socorri vezes sem conta. Tivemos humoristas como o Guilherme Geirinhas a falar sobre estas "coisas chatas com humor". Tivemos o Ricardo Araújo Pereira a entrevistar os candidatos no seu programa "Gente que não sabe estar" e até a Joana Marques no seu "Extremamente Desagradável" ou o "Uma Campanha Alegre", ambos da RR. Isto para não falar dos tradicionais debates televisivos e dos tempos de antena.


Informação não faltou, minha boa gente. Informação da boa, daquelas que nos davam a papinha toda feita e ainda nos divertiam, mas nem assim conseguimos baixar a abstenção. Na verdade, os números aumentaram quando comparados com 2015 e isso deixa-me muito chateada porque eu não consigo compreender o porquê deste desinteresse. Não peço que leiam os manifestos eleitorais de todos os partidos. Não peço que sejam 100% conscientes na votação. Nem sequer peço que votem num partido. Podem chegar lá e votar em branco.


Caraças, mas votem...


Tenho ouvido várias pessoas a dizerem-me: "Votar para quê? Eles são todos iguais!" ou "Ó, nem me chateio com isso. Não ganho nada em votar...". Primeiro, acho absurdo alguém que se queixa que o país está mal servido no que à política diz respeito, não ir votar. Meus amigos, isso não é um ato rebelde nem uma forma de protesto. Isso é só estúpido. Protesto é ir e votar em branco, mas exercer o nosso direito sem nunca abdicarmos dele. Vocês entendem que há pessoas a morrer no mundo a lutar para exercerem este direito que nós, descaradamente, tomamos como certo? Ainda para mais, estar descontente e não mexer o rabo do sofá para mudar um bocadinho do país é só burro. Desculpem, mas é. É desculpa de mau pagador. O voto é uma das poucas armas que o povo tem a seu favor e nós, tristes, desperdiçamos e entregamos, literalmente, o ouro ao bandido. São também as pessoas que não votam que passam a vida a reclamar do governo, dos impostos, das taxas, da corrupção. Só me apetece armar-me em Bruno Aleixo e dizer: "Não votaste, pois não? ENTÃO CALA-TE!". E a segunda afirmação, só merece um valente par de estalos. Tenho ouvido muito isto de que é preciso beneficiar quem vota, para aliciar os cidadãos e reverter os números da abstenção. Eu não digo que isso não iria resolver parte do problema, mas irrita-me que isso seja uma verdade. É a mesma história que "eu só começo a reciclar quando tiver benefícios com isso". Minha gente, o benefício é vivermos num Planeta habitável. Espantem-se! A lógica com o voto é a mesma. Vocês não precisam de receber nada em troca, só precisam de ir à urna uma vez por ano (e às vezes nem isso) para votar, dar a vossa opinião. Só. Demora-vos uns 2 minutos, se ainda estiverem a ponderar em quem votar. Era o que faltava ganharmos alguma coisa com isto. No futuro queremos o quê? Um subsídio para quem diz "Bom dia, Por favor e Obrigado"? Poupem-me.


Não vos vou mentir, estas eleições deixaram-me muito abalada. 




Os números da abstenção foram chocantes e ainda por cima temos agora um partido fascista no Parlamento. Isto é um pesadelo para mim, que nunca acreditei que em Portugal isto fosse acontecer novamente. Eles defendem TUDO aquilo que eu mais abomino. Posso enumerar algumas das ideias que defendem: a castração química de pedófilos, a proibição constitucional da eutanásia, a pena perpétua, a proibição do casamento homossexual, a reavaliação da presença de Portugal na ONU, a extinção do cargo de Primeiro Ministro (cujas funções devem passar para o Presidente), o fortalecimento das fronteiras e um reforço da carga policial nesse sentido (me-do!) ou a desresponsabilização do Estado por assuntos como Saúde, Educação ou Transportes. Já estão em pânico como eu? Acredito que grande parte dos votos neste partido (mais de 66 mil!!!) deveram-se ao cabeça de lista, André Ventura. É comentador de futebol na CMTV e, portanto, tem alguma visibilidade. Acredito mesmo que algumas pessoas - e eu quero acreditar que foi a maioria - não defende os ideais do Chega - nem os conhece, sequer -, mas reconheceu o rosto e até concorda com alguns bitaites sobre futebol e deu-lhe o voto. É esta a minha esperança, que estas 66 mil pessoas se apercebam do que fizeram e que ponderem melhor nas próximas eleições. Ainda falta referir que aqui está uma prova de como o "jornalismo" rasca, sujo, imoral (CM) pode trazer consequências MUITO graves para um país.

Por fim, não posso deixar passar em branco a ascensão de partidos pequeninos, que defendem minorias (Livre, Iniciativa Liberal e PAN). É um alívio ver que podemos estar a acordar para novas opções mais próximas do povo, da realidade do país e das mudanças da sociedade. É um avanço enorme termos uma Assembleia onde "cabemos" todos ao elegermos, por exemplo, uma mulher negra e gaga - com uma campanha muito interessante. É um grande UFA! saber que teremos no Parlamento partidos a defender o fim das touradas e dos animais em circos, a defender o ambiente, as minorias étnicas, os homossexuais, partidos feministas - no REAL conceito e não no conceito "Capazes"... Enfim, partidos que defendem a inclusão, a diferença e a inovação. Vou ficar de olho nestes três, sem nunca desviar a atenção do outro...




O post já vai longo e eu prometi que não me ia alargar muito sobre este tema, porque não me sinto confortável a falar sobre política. Porém, como já tinha dito, desta vez eu estudei muito bem a minha lição, como também tinha dito que ia fazer no post sobre a Amazónia, lembram-se? Eu não me esqueci!


Eu sei que este post não vos vai fazer ir votar - até porque quando houver novas eleições já nem eu me vou lembrar que escrevi este texto -, mas espero que vos faça refletir.


E, por favor, votem. Por favor!



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